quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Massada onde os judeus preferiram morrer a se entregar aos romanos



Um dos cenários épicos da história do povo judeu é Massada, uma fortaleza-castelo, localizada à beira do Mar Morto, a 80 km de Jerusalém. Construída pelo Rei Herodes, serviu também como seu palácio. No topo achatado do Monte Massada, a 420 de altura, refugiaram-se na fortaleza 960 judeus que preferiram morrer a se entregarem aos invasores romanos, depois de resistirem por dois anos ao cerco. Isto aconteceu no ano 72. dC.
O Monte Massada com o teto achatado

Relata a história que os romanos através de uma imensa rampa construída por escravos judeus, invadiram a fortaleza e encontraram lá todos os judeus mortos, menos uma velha e duas crianças que tinham se escondido em uma das 12 cisternas de água. Os judeus fizeram um pacto na noite anterior ao ataque. Primeiro, os pais de família mataram seus filhos e a esposa. Depois, foram se matando até restarem só dez. Então tiraram a sorte para determinar quem seria o último a morrer. Este, depois de matar o penúltimo, suicidou-se, atirando-se contra uma espada.
Ao fundo o Mar Morto

Este fato constitui uma honra para os judeus que consideram mártires os seus compatriotas que se mataram e por isso o lugar é de veneração. Hoje Massada é um ponto turístico muito visitado por judeus e peregrinos. 
Para chegar lá, uma autoestrada conduz o visitante de Jerusalém até Jericó e dali em direção ao sul, sempre margeando o Mar Morto, alcança-se Massada, por estradas muito boas. Esta mesma estrada leva o visitante até Eilat, a cidade mais setentrional de Israel, no Mar Vermelho, fronteira com Egito.
Uma das cisternas

Massada foi, novamente, povoada no século V, quando cruzados construíram uma igreja no cimo do monte.  Um terremoto destruiu a igreja, séculos depois. Dali em diante, a cidade entrou em declínio, até 1948, quando Israel conquistou sua independência. Foram feitas escavações em toda a área e hoje o turismo é sua fonte principal de renda. O governo dotou o local de uma boa infra-estrutura com restaurante, lojas e um grande teleférico que leva em cada viagem 50 a 60 pessoas. É o chamado Parque Nacional de Massada.
Do cimo do Monte Massada observa-se a muralha que circunda todo o monte, com casas, palácio do Rei Herodes, ruínas da igreja e imensas cisternas para milhões de litros d’água. Havia um sistema de recolhimento de água, que funcionava a contento.  A visão é deslumbrante: de um lado vê-se o imenso deserto esbranquiçado e do outro, o Mar Morto a 5 km. Também há um local para cultos.
O teleférico com a trilha das serpentes

O visitante pode optar subir ao monte pelo teleférico, em poucos minutos, ou a pé, subindo os mais de 1000 degraus, por um trajeto chamado “caminho das serpentes”. Para os que têm fôlego é emocionante subir pelas escadas. Eu preferi apenas descer a pé, em direção ao Mar Morto, observando a paisagem deslumbrante.
Anualmente é feito um concerto ao pé do monte em pleno deserto. Neste ano, o concerto foi no dia 13 de outubro e reuniu cerca de 30 mil pessoas

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Local do batismo de Jesus é motivo de disputa entre Israel e Jordânia




O local exato onde Jesus foi batizado por João Batista, no Rio Jordão, ainda hoje é motivo de disputa entre Israel e Jordânia.
Em Israel, é o lugar chamado Qassir El Yeud, localizado perto de Jericó e de Jerusalém, que esteve fechado por 40 anos, pois em 1967 os israelenses o transformaram em zona militar e ali foram colocadas muitas minas. Há pouco tempo o local foi reaberto e agora é o preferido dos peregrinos cristãos, que vão para lá por motivos religiosos e ali, muitos se batizam.

O batismo de imersão

A Jordânia, por sua vez, reivindica outro local, a 40 km de Amã, perto do Mar Morto como sendo o do batismo de Jesus. João Paulo II e Bento XVI visitaram Israel e também estiveram nesse local jordaniano.
A realidade é que João Batista batizou em vários pontos do Jordão, desde o Mar Morto até o Lago Genezaré.  Existem ainda outros lugares que reivindicam o batismo do Messias, como Eanon no meio do caminho entre o Lago Genezaré e o Mar Morto e a aldeia de Senabris, na saída do Rio Jordão do Lago Genezaré, além de Qassir e Yelud e da Jordânia.
Israel, em 2012, proibiu os batizados no Rio Jordão porque o rio está muito seco e com níveis de poluição altíssimos. Os órgãos do Ministério da Saúde avisam que o nível de contaminação é quatro vezes maior que o limite aceitável. A poluição origina-se do esgoto sem tratamento que é lançado no rio. .Cerca de 96 % dos 1,3 bilhão de litros d’água, que deveriam fluir, são desviados para irrigação, tanto no lado israelense como no jordaniano e palestino. O rio cheira mal, tem cor verde e é muito sujo, com muito lixo plástico nas suas margens.  O outrora famoso Rio Jordão, de tantas glórias no passado, agora não passa de um riacho. O rio é citado 175 vezes no Antigo Testamento e 15 vezes no Novo Testamento. Os israelenses proibiram o banho, mas não interditaram o local, por motivos econômicos já que é um grande centro turístico, com a afluência de milhões de peregrinos.
Local de cultos

Fomos visitar Qassir El Yeud , a 15 km de Jericó. O local é policiado pelos israelenses. O governo o dotou de boa infraestrutura com estacionamento, restaurante, lojas, banheiros, galpão coberto para rezar missa ou fazer reuniões e o acesso ao Rio Jordão. Apesar da proibição, milhares de peregrinos se revezam e realizam a cerimônia do batismo de crentes, que se misturam entre as várias religiões cristãs. Os católicos são maioria, predominando os poloneses, italianos e espanhóis. Vimos várias excursões de brasileiros católicos, da igreja Quadrangular, da Assembléia de Deus e da Igreja Universal.
O rio Jordão está morrendo

O local junto ao Rio Jordão é constituído de uma arquibancada para os fiéis assistentes e de uma espécie de piscina, com base em concreto e com proteção para o crente não cair na corrente do rio. O padre ou o pastor, vestido de branco, depois de fazer orações, entra no rio, acompanhado pelo batizando, também vestido de branco e ali é dado um banho de imersão total. Assisti ao batizado católico de alemães. Depois de rezarem bastante e de invocarem a ladainha de todos os santos e da pregação do padre, houve o banho de imersão de uma senhora. Ao lado, peregrinos cristãos da Coréia do Sul aguardavam a vez. Outro grupo era de irlandeses que, impacientes, esperavam debaixo de um sol escaldante de mais de 35 graus.
Um bunker israelense ao lado do local de batismos

Israel respeita e tem um carinho especial pelo peregrino, pois ele deixa aqui muitos dólares, que movimentam a economia do país.





domingo, 20 de outubro de 2013

A fascinante caminhada de 5.600 km: de Paris a Jerusalém

Os caminhantes pelo mundo exercem um fascínio sobre seus fãs. A história de uns é motivação para outros.
Muitos começam experimentando as emoções da apaixonante caminhada que é o “Caminho de Santiago de Compostela, com mais de 800 km, na Espanha. Existe outra rota que termina em Assis, a terra de São Francisco, quase no centro da Itália. No entanto, a grande moda pela Europa vem sendo a longa caminhada até Jerusalém. São vários os roteiros e um dos mais percorridos sai da Polônia católica. Mas há também saídas da Alemanha, da Inglaterra e da França. Esse último foi o escolhido pelas peregrinas francesas Christiane Saussier e Béatrice Lachat, ambas enfermeiras e aposentadas. Eu as conheci visitando o norte de Israel, na cidade histórica de Tiberias. No  próximo dia 25  chegarão à Jerusalém, com mais de 5.600 km percorridos a pé.
Béatrice e Christiane percorreram 5.600 km

“A decisão de caminhar até Jerusalém partiu do nosso íntimo. Ambas  precisávamos sair da agitação das grandes cidades como Paris e percorrer o interior. Precisávamos de silêncio e de meditação e isso conseguimos caminhando”- explica Christiane. Para tanto, foram anos de preparação para o físico adaptar-se a longas jornadas. Elas já realizaram o sonho do Caminho de Santiago de Compostela em 2007 e o Caminho de Assis em 2008. Faltava o Caminho de Jerusalém, o mais longo e árduo. Depois de meses de preparação e escolha de roteiros, decidiram partir. No dia 23 de fevereiro deste ano, na Catedral Notre Dame de Paris despediram-se dos filhos, familiares e amigos e partiram rumo ao desconhecido. Cristiane leva uma mochila nas costas e Béatrice um carrinho, de uma roda que foi adaptado especialmente para a viagem. Ele é acoplado às suas costas, de modo que ela possa ter as mãos livres para levar um cajado de apoio.
O roteiro escolhido foi o seguinte: França, Itália, Albânia, Macedônia, Grécia, Turquia, Ilha de Chipre e finalmente Haifa, o maior porto de Israel. Tiveram que alterar o roteiro inicial que era passar pela Síria devido à guerra civil.
As caminhantes em Tiberias. Ao fundo, o  Lago Genezaré

Revela Béatrice que foi lindo passar pela Itália, um país turístico e de paisagens deslumbrantes. Um único problema surgiu em Roma, quando foram visitar o Vaticano. Foram assaltadas e perderam uma pequena bolsa. De Roma foram até o sul da Itália e dali, de barco, passaram para a Albânia, outro país muito belo. Seguindo o roteiro, passaram pela Macedônia e pela Grécia, um país de muitas histórias seculares. Reclamaram do atendimento dos ortodoxos, pois estes fechavam as igrejas onde elas gostariam de entrar. O país que melhor as recebeu foi Turquia, que tem maioria muçulmana. “Onde passávamos éramos acolhidas em casas de moradores que nos ofertavam frutas, comida e até pouso”. Também na Turquia, visitaram Antioquia, uma cidade onde São Paulo viveu por alguns anos; a cidade de Tarso, terra natal de São Paulo e Éfeso, onde viveu São João. Na ilha de Chipre viram que o Norte é desenvolvido e o sul muito pobre ainda. Dali, embarcaram num navio até o Porto de Haifa em Israel. A partir dali, passaram a conhecer o norte de Israel,  como a cidade de Naharia na fronteira com o Líbano e outras cidades menores até chegarem a Tiberias, local em que as conheci. Daqui partiram em direção a Cafarnaum, cidade histórica onde residiu Jesus na sua vida pública. O roteiro até Jerusalém inclui outras cidades consideradas sagradas como Caná, Nazareth, cidades da Samaria e finalmente a velha Jerusalém, cidade símbolo da universalidade e testemunha dos maiores acontecimentos da vida de Jesus: sua prisão, condenação e morte de cruz, sua ressurreição e ascensão aos céus. “No dia 25 de outubro, em Jerusalém, vamos nos reunir com os filhos que virão de Paris para fazermos juntos um roteiro turístico em Israel” - revelou Béatrice.
A cruz do peregrino alemão

A rotina da viagem é sistemática. À noite é feito o traçado da viagem do dia seguinte, com hora marcada para sair e chegar para o próximo pouso. As peregrinas caminham uma média de 30 a 35 km por dia. A chuva e o frio nunca foram empecilhos para a viagem. O calçado é apropriado - revezam entre o tênis e as sandálias. Nestes oito meses de caminhada nunca ficaram doentes e escrevem um diário contando as peripécias da viagem em um blog que é alimentado todos os dias. “Nosso objetivo foi conquistado, pois tivemos muito tempo para refletirmos sobre nossas vidas, fazermos meditações e conhecermos de perto a variedade de tradições, de culturas e de pessoas, que têm características próprias. Todas merecem viver e nenhuma raça é superior à outra” – revelaram.
No Monte Tabor,na Galileia, na Igreja da Transfiguração existe uma cruz que foi trazida pelo alemão João Muller, em 1933. Ele tinha 58 anos e seu sonho era chegar ao Monte Tabor. Levou alguns anos para chegar  aqui. Como vemos este fascínio de caminhadas  não é de hoje.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Hippos, uma cidade milenar no alto do monte



Uma cidade totalmente diferente, aqui em Israel, é Hippos, que quer dizer em grego, cavalo. Porque diferente? Porque foi construída no topo achatado de uma montanha que circunda o Lago Genezaré, a poucos kms da cidade de Tiberias. É uma cidade do tempo de Jesus e foi habitada por gregos e também por romanos. Hoje a área é um parque nacional, que leva o nome de Susita, um termo hebraico para Hippos.
 Sua história começa no século II aC, quando foi habitada pelos Ptolomeus (judeus). Depois chegaram os gregos e os romanos. No novo Testamento, quando Jesus menciona "uma cidade edificada sobre um monte, que não pode ser escondida" (uma das metáforas do sermão da Montanha), ele poderia estar se referindo a Hippos. A vidente italiana Maria Valtorta afirma, em seus livros, que Jesus esteve em Hippos.
A cidade no alto do monte. ao fundo o Lago Genezaré

No alto do monte, uma cidade milenar

Áreas minadas na região

A rua principal ainda intacta

Susita em hebraico quer dizer cavalo

Desse ponto, há mais de dois mil anos atrás, estando a 350 metros acima do lago Genezaré, os gregos e os romanos controlavam o lago. Até 1966 a região era uma área neutra, desmilitarizada, controlada pela ONU. Em 1967, os israelenses se apoderaram desta montanha, bem como de todas as montanhas de Golan que pertenciam à Síria.
 Para chegar a Hippos, há uma estrada asfaltada entre as encostas das montanhas adjacentes, até uma praça para o estacionamento. A partir daí caminha-se a pé montanha acima, até chegar às ruínas. Hippos tem 2 km de comprimento por uns 500 metros de largura. Por toda parte, há avisos para  não entrar nas áreas cercadas por arame farpado, pois é uma região de minas. Pode-se ver todo o Lago Genezaré, bem como outras montanhas e vales que o circundam. Também vê-se um refúgio antiaéreo da guerra de 1967, quando Israel venceu a Síria e o Egito.

A antiga cidade era cortada pela avenida principal (a Decumanum Máximus) que corria de leste para oeste e por ali passavam carruagens e cavalos. Tinha, na sua direita e na esquerda, as edificações e ruelas. Destaca-se um centro comercial e um entroncamento de estradas para as cidades de Gamala, Gedara e Tiberias. As ruas eram calçadas e até hoje caminha-se em cima de pedras originais. Há vários templos que foram construídos pelos romanos e, mais tarde, adaptados para templos católicos pelos cruzados. As colunas de granito vermelho dos templos vieram do Egito, por isso afirma-se que os habitantes de Hippos eram ricos. Há um anfiteatro, a casa do imperador romano e restos de um aqueduto de 50 km de comprimento, cuja água vinha, por gravidade, das montanhas de Golan. Nos primeiros séculos após Cristo, Hippos continuou paganizada. Aos poucos, a cidade foi sendo cristianizada, na época do Imperador Constantino, tornando-se sede episcopal. O bispo Pedro, de Hippos participou dos Concílios da Igreja em 359 e 362. Um terremoto em 749 dC destruiu a cidade e ela não foi reconstruída. Atualmente, Universidades israelenses fazem escavações arqueológicas e isso constitui-se em uma das inumeráveis atrações turísticas do país. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Em Jericó, um mosteiro incrustado na montanha

 

Todas as cidades de Israel têm uma história secular, que pode ser do povo hebreu, dos persas invasores ou da época dos cruzados.Uma delas é Jericó, considerada a cidade mais antiga do mundo ainda habitada, com 10 mil anos de existência. Localizada a 30 km de Jerusalém, 10 km do Mar Morto e a 7 km do Rio Jordão, está  260 metros abaixo do nível do mar.  Ali estão valiosos tesouros arqueológicos e naturais.
O mosteiro cravado na rocha
Hoje é uma próspera cidade, lugar de casas de campo preferida dos habitantes de Jerusalém, constitui-se também em atração turística muito grande,  com  vários hotéis cinco estrelas .Para chegar a Jericó há dois caminhos. O primeiro, a partir de Jerusalém, por uma auto-estrada que cruza todo o deserto até chegar a Jericó. Entre as montanhas observam-se tendas de beduínos que pastoreiam suas ovelhas, nos mesmos costumes de milhares de anos. O outro é atravessando o Vale do Rio Jordão e as montanhas brancas, por estradas de primeiro mundo. Neste vale estão os kibutz e empresas rurais que produzem todo o tipo de frutas, de primeira qualidade. Atravessa-se a fronteira com a atual Palestina, sem dificuldades de vistos. Logo percebe-se a diferença com as terras de Israel. Aqui vê-se menos produção agrícola e as cidades são mais humildes com casas bem pobres.
As montanhas desérticas
O peregrino que visita Jericó, a cidade onde Jesus encontrou “o baixinho” Zaqueu, obrigatoriamente visitará o Mosteiro das Tentações, incrustado na rocha.A tradição oral diz que neste local, nas montanhas desérticas, Jesus passou 40 dias, depois do seu batismo no Rio Jordão. Em 326 dC, a Rainha Helena, mãe do Imperador romano Constantino, esteve no local e a gruta na rocha foi por ela considerada um lugar sagrado. Um antigo Mosteiro foi edificado no Século VI pelos bizantinos. Posteriormente os cruzados, em 1099, construíram ali duas igrejas.O local foi comprado pelos padres ortodoxos que alí construíram este Mosteiro da Tentação, em 1874. Hoje ele é administrado pela Autoridade Nacional da Palestina, sob a supervisão de monges ortodoxos.
Os vales são profundos
Para chegar lá há duas maneiras: o teleférico e a subida a pé, pelas encostas da montanha. Nosso grupo optou por subir a pé, mas nos arrependemos, pois tivemos que parar diversas vezes, por cansaço e dor nas pernas. Na portaria fomos recebidos por um monge, com uma imensa chave, de uns 20 cm em suas mãos. Subimos vários degraus e chegamos às grutas e aos aposentos dos monges. Ali há uma capela e a gruta onde existe a pedra em que Jesus sentou durante sua permanência no deserto. O Mosteiro é uma admirável obra de engenharia, pois está construído na rocha pura, situado a 350 metros acima do nível do mar. De uma varanda, divisa-se uma bela paisagem do deserto e do Vale do Jericó, um verdadeiro oásis verde. Também se pode apreciar as famosas grutas nas montanhas desérticas, ao lado do Mosteiro e que foram habitadas no passado.
Um passeio de camelo para a foto
No sopé da montanha, palestinos árabes oferecem passeio de camelo, somente para bater uma foto e dar uma volta de 50 metros, por um preço bem acessível, em torno de cinco dólares. É uma bela recordação de Jericó que atrai turistas de todas as partes do mundo. Realmente é um passeio imperdivel!
 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma festa diferente em Caná da Galileia

Ruas estreitas em Caná
A celebração das Bodas na missa
Diz o Evangelho que Jesus, com sua mãe, estava presente a uma festa de casamento quando faltou vinho. Sabemos que as festas duravam até três dias. Maria pediu que Jesus resolvesse o problema, pois a situação seria um constrangimento para o noivo, e Jesus realizou o primeiro milagre transformando água em vinho. Este foi o início da vida pública de Jesus, que, após três anos, culminaria na sua morte de cruz em Jerusalém.
Festa com muito vinho de Caná
 Explicam os entendidos que “havia ali, no pátio, seis grandes talhas de pedra de duas ou três metretas ou almudes, cada uma. Metreta ou almude são palavras gregas, que significavam a maior capacidade de medida que existia para líquidos, na época. Como a metreta ática equivalia a uns quarenta litros, cada talha poderia conter de oitenta a cento e vinte litros. As seis juntas, quatrocentos e oitenta a setecentos e vinte litros”. Haja vinho e convidados!
Esta festa do casamento deveria ser de um parente de Jesus. Ele estava no local onde João Batista batizava e pregava, ou seja, no Rio Jordão, perto da cidade de Jericó. O Evangelho relata que Jesus fez este percurso, a pé, em três dias de viagem, ladeando o Rio Jordão para o Norte até a cidade de Magdala, no Lago Genezaré e daí entre as montanhas desertas até a cidade de Caná. O percurso foi de aproximadamente 80 km.
Caná virou um centro de peregrinação de cristãos de todos os continentes, tanto católicos como ortodoxos e de outras religiões e seitas. Hoje, no local, são celebradas as bodas de prata e de ouro de casais de todas as partes do mundo. Diariamente chegam casais para esta festividade nesta cidade.
Relatou-me um sacerdote, que do México veio um casal com seus filhos e netos, num total de 45 pessoas, para comemorar suas Bodas de Ouro. Renovaram o sacramento do matrimônio e depois celebraram com uma grande festa num restaurante. Contou-me o padre que todos esperavam que o marido presenteasse a esposa com um anel bonito e valioso, no entanto o marido tirou do bolso um envelope com um anel simples, feio, que foi presenteado à mulher no dia do casamento. Como o noivo não tinha posses, o anel era muito modesto. O marido disse que, 50 anos depois, aquele anel era o bem mais precioso que possuía, pois ele acompanhou a vida do casal: a primeira gravidez da esposa, as demais e a criação de todos os filhos. Era o anel do amor, da gravidez, do sacrifício que passaram juntos.
Uma das talhas da época
Participei do ato de renovação do matrimônio de um casal italiano, Bruno e Paola Faccin, da cidade de Busto Arcizio, que celebravam, naquele dia, 44 anos de casados. Estavam felizes, pois este era o sonho deles: festejar em Caná e pedir as bênçãos de Deus. Depois, a festa para os amigos, foi num restaurante familiar, próprio para este tipo de evento. Os proprietários são cristãos árabes palestinos, que oferecem sua casa para uma comemoração com os parentes. A comida era árabe, com muita salada e molhos especiais que davam um sabor diferente para os alimentos. O preço por pessoa foi de 28 dólares, incluindo o vinho tinto, um Merlot de excelente qualidade. Ao redor de Caná, existem videiras centenárias que ainda hoje produzem frutos. Aliás, Israel exporta vinhos finos produzidos por videiras irrigadas, com duas safras por ano, como na região nordeste do Brasil.
Hoje Caná tem em torno de 15 mil habitantes. A maior fonte de renda são os peregrinos, que aos milhares visitam anualmente a igreja que contém ruínas, inclusive uma das talhas de vinho da época. Lojinhas e restaurantes  proliferam nas ruas estreitas ao redor da igreja.  A população é constituída de árabes cristãos e muçulmanos que convivem pacíficamente.