segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

El Viejo: o soldado de Fidel Castro

Ele se chama Israel Fernandez Jimenez, de apelido El Viejo, 83 anos, cubano, guarda noturno da praça em frente à igreja São José, em Manzanillo, Cuba. Pai de quatro filhos, tenente coronel do Exército Rebelde e fã número um de Fidel Castro. Este é o perfil de um idoso que vigia à noite a praça para que a juventude não use drogas nem faça arruaças. Sua convicção e de que Cuba é o melhor dos países do mundo para se viver, pois “aqui há igualdade entre as pessoas”.
Estamos diante de um homem que lutou toda a vida por um ideal que foi o da revolução cubana.
Nascido em Birán, terra natal de Fidel Castro, conheceu de perto toda a família do Comandante,
inclusive era amigo de Raul Castro. “Eu, o Raul e o Fidel fomos amigos na juventude. Fidel era bem
mais velho que eu e eu o admirava pelas suas idéias. Sempre fui fiel a ele”

El Viejo com seu charuto cubano
 O nosso entrevistado, entre baforadas do seu
charuto cubano, começou a contar um pouco de sua vida: “Fui soldado do chamado Exército Rebelde, criado por Camilo Cienfuegos, um dos três maiores comandantes que vi na minha vida. Participei da invasão do quartel Moncada em Santiago de Cuba e aí fomos derrotados e presos. Depois fomos anistiados. Logo me incorporei ao exército do Comandante Almeida, depois de sua vinda do México junto com Fidel Castro. Participei das escaramuças da Sierra Maestra e ali junto com Fidel, Che Guevara, Camilo Cienfuegos, saímos para a libertação de Cuba do ditador Batista. Na época, uma das minhas funções era roubar cabos de linhas telegráficas e roubar e matar guardas do ditador. Nossa tática era chegar por trás de um guarda e com um pedaço de aro de bicicleta atingir suas costas e gritar: manos arriba ( mãos ao alto). Depois roubava suas armas e muitas vezes, matávamos o soldado. Por 11 vezes, subi a a Sierra Maestra, levando numa mochila com alimentos e armas e ali ficava acampado com Fidel e os outros companheiros. Ali o Comandante Almeida um dos chefes do Exército Rebelde preparou seu pequeno exército e dali saímos para conquistar Bahyamo e Santa Clara, junto com  Che Guevara. Dali partimos para Havana onde conquistamos o poder e afugentamos o ditador Batista” O velho Israel ao falar de seu passado, punha-se de pé como se fosse um soldado em marcha e seu ardor o obrigava a levantar a voz todas as vezes que nomeava seu comandante, o Almeida.
El viejo, na sua casinha

Passados dois anos da Revolução, El Viejo foi encarregado de consertar pequenos aviões de
combate, tornado-se mecânico. Foi condecorado várias vezes e no Mausoléu de Che Guevara, em
Santa Clara, ali está seu nome gravado no mármore, o tal El Viejo é ele próprio e disso orgulha-se.
Para falar de seus filhos, el Viejo emociona-se e diz sentir saudade dos quatro filhos: três
mulheres e um varão. Duas delas, a Sônia e Angelita vivem no Brasil, na cidade de Belo Horizonte, participando da “Misión” dos médicos  cubanos. A terceira filha vive na Rússia como médica em um barco que industrializa pescado. O filho é advogado na cidade de Santa Clara. Sua maior paixão são seus dois netos. Perguntado sobre o porque de sua profissão atual de guarda noturno disse que
 durante muitos anos como soldado do Exército Rebelde sempre trabalhou à noite e dormia de dia. Hoje continua neste seu horário e fica acordado toda a noite. Ganha 400 pesos por mês (cerca de 18 dólares).Seu salário como tenente coronel é de 900 pesos (cerca de 37 dólares). “Não posso me queixar da vida. O amigo Fidel me deu um carrito ( lada soviético) e uma casa de dois pisos. Uma vez por ano vou a umquartel para treinar e conhecer novas armas. Se preciso for, novamente estarei à disposição do meu Comandante”. O ex-soldado recebe, ainda uma mesada que as filhas médicas em Belo Horizonte enviam,bem como presentes. “Sou um homem feliz e para mim sobra dinheiro no final do mês. Não bebo, gasto o suficiente para comer e por isso o dinheiro é um luxo”.

Entre uma baforada e outra do seu imenso charuto, ainda prometeu comprar um livro sobre a vida do Comandante Camilo Cienfuegos e na página 83, aparece seu nome com suas proezas como soldado. El Viejo despediu-se servindo um cafezinho, torrado por ele mesmo. Era intragável, mas bebi em nome da nossa amizade.

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