No dia do Yom Kippur, as ruas ficaram desertas |
Uma semana depois de ter
chegado à Israel, deparo-me com a celebração do Yom Kippur, o do Dia do Perdão que
é o dia do arrependimento de todos os
pecados.
No último sábado vivi este
dia que é inusitado para nós ocidentais. Um dia completamente parado. O país
todo pára, desde o por do sol de sexta-feira até o crepúsculo do sábado. Todas
as famílias ficam em casa e ali fazem jejum e orações. As crianças até nove
anos são dispensadas do jejum. Os
adultos fazem suas preces e alguns vão à sinagoga. Todos devem se abster até de relações sexuais. Não é permitido lavar a boca, escovar os dentes ou banhar o
corpo. Somente o rosto e as mãos podem ser lavados pela manhã, antes das
orações. Não se pode carregar nada, acender fogo, fumar, nem usar eletricidade.
É incrível ver uma cidade
como Tiberias, com 30 mil habitantes, onde vivo, estar completamente parada,
silenciosa, sem trânsito, sem uma
pessoa sequer na rua. Fui dar uma volta
pela cidade que parecia estar morta. Tanto o comércio como hotéis e serviços,
como bares e restaurantes estavam totalmente fechados. Não vi crianças nas
praças ou andando de bicicleta pelas ruas. Só vi gatos, que aqui existem em
abundância, vivendo em pequenos containers de lixo.
Há 40 anos atrás, no Yom
Kippur de 1973, Siria e Egito atacaram Israel que reagiu resultando numa guerra
de muitas mortes,vencida por Israel.
A mesma rua, hoje com trânsito normal |
O rabino Ron Kronish em um
de seus escritos para o jornal The Huffington Post, do dia 10 de setembro último,
depois de explicar sobre a liturgia do Yom Kippur, revelou que dedica sua vida,
nos últimos 22 anos, a trabalhar em favor da paz entre Israel e Palestinos. Lembrou que um muçulmano disse a ele que o
diálogo não é suficiente. São necessárias ações concretas de aproximação, de
união entre palestinos e israelenses. O
rabino crê firmemente que todas as atividades do Conselho Inter-religioso de
Israel, que têm como base o diálogo, a educação e atividades conjuntas, poderão
levar a uma coexistência pacífica entre as partes.
Por isso o Yom Kippur além de ser o dia do perdão entre as pessoas,
é um dia para renovar os projetos educativos que israelenses e palestinos têm
em conjunto para romper as barreiras que separam estes povos e também para
confiar nas negociações que estão em curso para uma sonhada paz aqui no Oriente
Médio.
Os cristãos que aqui vivem,
aproveitam o dia para fazer uma espécie de retiro de silêncio e em Jerusalém e
outros lugares santos, os peregrinos percorrem a Via Dolorosa em silêncio,
respeitando as tradições dos judeus.
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