Há dissidentes em Cuba? Sim, são
vários grupos de dissidentes, e o principal é a União Patriótica de Cuba
(UNPACU), sediada em Santiago.
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José Daniel o líder |
Foi fundada em 2011, por José
Daniel Ferrer, um jovem que saiu das fileiras do Movimento Cristão de
Libertação. No decorrer dos
últimos anos, várias organizações se fundiram e decidiram agregar-se à UNPACU, como forma de fortalecerem-se contra o regime de Fidel Castro. Eles
reivindicam a imediata liberdade dos
presos políticos, os chamados prisioneiros de consciência.
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O protesto em frente ao santuário |
A UNPACU é uma organização
pacífica, que luta contra as barbaridades cometidas pelo regime, ferindo os direitos
fundamentais do ser humano. De modo geral, querem uma Cuba livre e justa. Para
isso, produzem panfletos e audiovisuais, fazem caminhadas e os famosos protestos
silenciosos, porque se protestarem com discursos ou cantos, serão presos. Além disso, organizam grupos dissidentes e realizam
trabalhos sociais.
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Caminhando fazendo gesto de L com os dedos |
À esta organização, pertenceu um
dissidente que ficou famoso no exterior. Chamava-se Wilman Villar Mendoza e
realizou uma greve de fome, por 50 dias, em 2012, que o levou à morte.
Protestava por não haver recebido um juízo justo e pelas péssimas
condições da prisão. Foi preso em 2011, por desacato à autoridade em
uma marcha pacífica, e condenado a quatro anos de prisão.
O primeiro protesto que assisti e
fotografei foi em Santa Clara, no dia 31 de agosto, domingo. As Damas de Blanco
costumam ir, todos os domingos à missa e ali permanecem sentadas. Ao final da
missa, o sacerdote as abençoa. Depois, em frente à Igreja de la Pastora, ficam
eretas, em silêncio, por cinco minutos e depois se dispersam. Querem a liberdade de seus maridos presos. São os chamados
presos de consciência.
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As Damas de Blanco em Santa Clara |
O segundo protesto foi em El Cobre, cidade vizinha a Santiago. No
dia oito de setembro, segunda feira, assisti a uma manifestação de um grupo de
200 pessoas da UNPACU, em frente ao santuário de La Virgen de La Caridad. Era o
dia da padroeira de Cuba. Eram 11 horas da manhã. Debaixo de um sol escaldante,
os dissidentes, sob a organização do líder José Daniel Ferrer, reuniram-se nas
escadarias do santuário. Permaneceram mudos, porém todos faziam um sinal em forma de L (Libertá) com os dedos das mãos. Ficaram sentados por
15 minutos, gesticulando para os presentes. Depois,
levantaram-se e caminhando, seguiram por uma rua ao lado do santuário,
batendo palmas ritmadas. Em seguida, marcharam, em silêncio, com os braços levantados e gesticulando, novamente fizeram o gesto
de “Libertá” com os dedos, até se dispersarem. Este mesmo
grupo, queimou no centro de Santiago, um outdoor do governo. Depois de 24
horas, o outdoor foi refeito.
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As Damas dentro da igreja
Nestes últimos meses, tem
aumentando o número de dissidentes e a UNPACU já possui mais de 10 mil adeptos, a maioria jovens. Também está aumentando a repressão policial, com detenções a toda hora. No dia da Padroeira de Cuba não houve detenções. Elas só ocorrem em locais
onde não há a presença da população.
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A vida dos líderes da UNPACU não
é fácil. O líder Ferrer já ficou detido por sete anos e depois foi solto.
Seguidamente prendem membros da organização. Em 2013, foram 5301 casos de detenção, sendo alguns libertados em poucos dias e outros
retidos por mais tempo.
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O outdoor reposto um dia depois de queimado |
Apesar da presença de dissidentes
em todo o país, dificilmente terão resultados positivos, pois a polícia de
Cuba é uma das mais eficientes do mundo. Há uma organização popular através do CDR (Conselho de Defesa da Revolução), sediada em cada quadra das cidades, com pessoas que vigiam dia e noite
cada cidadão, impossibilitando qualquer reação mais forte por
parte do povo. Os informantes da polícia constituem um esquadrão e milhares de pessoas recebem salário para a delação
de parentes e de vizinhos, o que gera um clima de insegurança
que percebe-se em todas as onze cidades visitadas.
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