Os caminhantes pelo mundo exercem um fascínio sobre
seus fãs. A história de uns é motivação para outros.
Muitos começam experimentando as emoções da
apaixonante caminhada que é o “Caminho de Santiago de Compostela, com mais de 800 km , na Espanha. Existe
outra rota que termina em Assis, a terra de São Francisco, quase no centro da
Itália. No entanto, a grande moda pela Europa vem sendo a longa caminhada até
Jerusalém. São vários os roteiros e um dos mais percorridos sai da Polônia
católica. Mas há também saídas da Alemanha, da Inglaterra e da França. Esse
último foi o escolhido pelas peregrinas francesas Christiane Saussier e Béatrice
Lachat, ambas enfermeiras e aposentadas. Eu as conheci visitando o norte de
Israel, na cidade histórica de Tiberias. No
próximo dia 25 chegarão à
Jerusalém, com mais de 5.600
km percorridos a pé.
“A decisão de caminhar até Jerusalém partiu do nosso
íntimo. Ambas precisávamos sair da
agitação das grandes cidades como Paris e percorrer o interior. Precisávamos de
silêncio e de meditação e isso conseguimos caminhando”- explica Christiane.
Para tanto, foram anos de preparação para o físico adaptar-se a longas
jornadas. Elas já realizaram o sonho do Caminho de Santiago de Compostela em
2007 e o Caminho de Assis em 2008. Faltava o Caminho de Jerusalém, o mais longo
e árduo. Depois de meses de preparação e escolha de roteiros, decidiram partir.
No dia 23 de fevereiro deste ano, na Catedral Notre Dame de Paris despediram-se
dos filhos, familiares e amigos e partiram rumo ao desconhecido. Cristiane leva
uma mochila nas costas e Béatrice um carrinho, de uma roda que foi adaptado
especialmente para a viagem. Ele é acoplado às suas costas, de modo que ela
possa ter as mãos livres para levar um cajado de apoio.
O roteiro escolhido foi o seguinte: França, Itália,
Albânia, Macedônia, Grécia, Turquia, Ilha de Chipre e finalmente Haifa, o maior
porto de Israel. Tiveram que alterar o roteiro inicial que era passar pela
Síria devido à guerra civil.
As caminhantes em Tiberias. Ao fundo, o Lago Genezaré |
Revela Béatrice que foi lindo passar pela Itália, um
país turístico e de paisagens deslumbrantes. Um único problema surgiu em Roma,
quando foram visitar o Vaticano. Foram assaltadas e perderam uma pequena bolsa.
De Roma foram até o sul da Itália e dali, de barco, passaram para a Albânia,
outro país muito belo. Seguindo o roteiro, passaram pela Macedônia e pela
Grécia, um país de muitas histórias seculares. Reclamaram do atendimento dos
ortodoxos, pois estes fechavam as igrejas onde elas gostariam de entrar. O país
que melhor as recebeu foi Turquia, que tem maioria muçulmana. “Onde passávamos
éramos acolhidas em casas de moradores que nos ofertavam frutas, comida e até
pouso”. Também na Turquia, visitaram Antioquia, uma cidade onde São Paulo viveu
por alguns anos; a cidade de Tarso, terra natal de São Paulo e Éfeso, onde viveu
São João. Na ilha de Chipre viram que o Norte é desenvolvido e o sul muito
pobre ainda. Dali, embarcaram num navio até o Porto de Haifa em Israel. A
partir dali, passaram a conhecer o norte de Israel, como a cidade de Naharia na fronteira com o
Líbano e outras cidades menores até chegarem a Tiberias, local em que as
conheci. Daqui partiram em direção a Cafarnaum, cidade histórica onde residiu
Jesus na sua vida pública. O roteiro até Jerusalém inclui outras cidades
consideradas sagradas como Caná, Nazareth, cidades da Samaria e finalmente a
velha Jerusalém, cidade símbolo da universalidade e testemunha dos maiores
acontecimentos da vida de Jesus: sua prisão, condenação e morte de cruz, sua
ressurreição e ascensão aos céus. “No dia 25 de outubro, em Jerusalém, vamos
nos reunir com os filhos que virão de Paris para fazermos juntos um roteiro
turístico em Israel” - revelou Béatrice.
A cruz do peregrino alemão |
A rotina da viagem
é sistemática. À noite é feito o traçado da viagem do dia seguinte, com hora
marcada para sair e chegar para o próximo pouso. As peregrinas caminham uma
média de 30 a
35 km
por dia. A chuva e o frio nunca foram empecilhos para a viagem. O calçado é
apropriado - revezam entre o tênis e as sandálias. Nestes oito meses de
caminhada nunca ficaram doentes e escrevem um diário contando as peripécias da
viagem em um blog que é alimentado todos os dias. “Nosso objetivo foi
conquistado, pois tivemos muito tempo para refletirmos sobre nossas vidas,
fazermos meditações e conhecermos de perto a variedade de tradições, de culturas
e de pessoas, que têm características próprias. Todas merecem viver e nenhuma
raça é superior à outra” – revelaram.
No Monte Tabor,na Galileia, na Igreja da Transfiguração existe uma cruz que foi trazida pelo alemão João Muller, em 1933. Ele tinha 58 anos e seu sonho era chegar ao Monte Tabor. Levou alguns anos para chegar aqui. Como vemos este fascínio de caminhadas não é de hoje.
No Monte Tabor,na Galileia, na Igreja da Transfiguração existe uma cruz que foi trazida pelo alemão João Muller, em 1933. Ele tinha 58 anos e seu sonho era chegar ao Monte Tabor. Levou alguns anos para chegar aqui. Como vemos este fascínio de caminhadas não é de hoje.
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