Ruas estreitas em Caná |
A celebração das Bodas na missa |
Diz o Evangelho que Jesus, com
sua mãe, estava presente a uma festa de casamento quando faltou vinho. Sabemos
que as festas duravam até três dias. Maria pediu que Jesus resolvesse o
problema, pois a situação seria um constrangimento para o noivo, e Jesus
realizou o primeiro milagre transformando água em vinho. Este foi o início da
vida pública de Jesus, que, após três anos, culminaria na sua morte de cruz em
Jerusalém.
Festa com muito vinho de Caná |
Explicam os entendidos que “havia ali, no pátio, seis grandes talhas de pedra de duas ou três
metretas ou almudes, cada uma. Metreta ou almude são palavras gregas, que
significavam a maior capacidade de medida que existia para líquidos, na época.
Como a metreta ática equivalia a uns quarenta litros, cada talha poderia conter
de oitenta a cento e vinte litros. As seis juntas, quatrocentos e oitenta a
setecentos e vinte litros”. Haja vinho e convidados!
Esta festa do casamento
deveria ser de um parente de Jesus. Ele estava no local onde João Batista
batizava e pregava, ou seja, no Rio Jordão, perto da cidade de Jericó. O
Evangelho relata que Jesus fez este percurso, a pé, em três dias de viagem,
ladeando o Rio Jordão para o Norte até a cidade de Magdala, no Lago Genezaré e
daí entre as montanhas desertas até a cidade de Caná. O percurso foi de
aproximadamente 80 km .
Caná virou um
centro de peregrinação de cristãos de todos os continentes, tanto católicos
como ortodoxos e de outras religiões e seitas. Hoje, no local, são celebradas
as bodas de prata e de ouro de casais de todas as partes do mundo. Diariamente
chegam casais para esta festividade nesta cidade.
Relatou-me um
sacerdote, que do México veio um casal com seus filhos e netos, num total de 45
pessoas, para comemorar suas Bodas de Ouro. Renovaram o sacramento do
matrimônio e depois celebraram com uma grande festa num restaurante. Contou-me
o padre que todos esperavam que o marido presenteasse a esposa com um anel
bonito e valioso, no entanto o marido tirou do bolso um envelope com um anel
simples, feio, que foi presenteado à mulher no dia do casamento. Como o noivo
não tinha posses, o anel era muito modesto. O marido disse que, 50 anos depois,
aquele anel era o bem mais precioso que possuía, pois ele acompanhou a vida do
casal: a primeira gravidez da esposa, as demais e a criação de todos os filhos.
Era o anel do amor, da gravidez, do sacrifício que passaram juntos.
Uma das talhas da época |
Participei do ato de renovação do matrimônio de um casal italiano,
Bruno e Paola Faccin, da cidade de Busto Arcizio, que celebravam, naquele dia,
44 anos de casados. Estavam felizes, pois este era o sonho deles: festejar em
Caná e pedir as bênçãos de Deus. Depois, a festa para os amigos, foi num
restaurante familiar, próprio para este tipo de evento. Os proprietários são
cristãos árabes palestinos, que oferecem sua casa para uma comemoração com os
parentes. A comida era árabe, com muita salada e molhos especiais que davam um
sabor diferente para os alimentos. O preço por pessoa foi de 28 dólares, incluindo
o vinho tinto, um Merlot de excelente qualidade. Ao redor de Caná, existem
videiras centenárias que ainda hoje produzem frutos. Aliás, Israel exporta
vinhos finos produzidos por videiras irrigadas, com duas safras por ano, como
na região nordeste do Brasil.
Hoje Caná tem em torno de 15 mil habitantes. A maior fonte de
renda são os peregrinos, que aos milhares visitam anualmente a igreja que
contém ruínas, inclusive uma das talhas de vinho da época. Lojinhas e
restaurantes proliferam nas ruas
estreitas ao redor da igreja. A
população é constituída de árabes cristãos e muçulmanos que convivem pacíficamente.
Gostei desta matéria, muito interessante.
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