terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma festa diferente em Caná da Galileia

Ruas estreitas em Caná
A celebração das Bodas na missa
Diz o Evangelho que Jesus, com sua mãe, estava presente a uma festa de casamento quando faltou vinho. Sabemos que as festas duravam até três dias. Maria pediu que Jesus resolvesse o problema, pois a situação seria um constrangimento para o noivo, e Jesus realizou o primeiro milagre transformando água em vinho. Este foi o início da vida pública de Jesus, que, após três anos, culminaria na sua morte de cruz em Jerusalém.
Festa com muito vinho de Caná
 Explicam os entendidos que “havia ali, no pátio, seis grandes talhas de pedra de duas ou três metretas ou almudes, cada uma. Metreta ou almude são palavras gregas, que significavam a maior capacidade de medida que existia para líquidos, na época. Como a metreta ática equivalia a uns quarenta litros, cada talha poderia conter de oitenta a cento e vinte litros. As seis juntas, quatrocentos e oitenta a setecentos e vinte litros”. Haja vinho e convidados!
Esta festa do casamento deveria ser de um parente de Jesus. Ele estava no local onde João Batista batizava e pregava, ou seja, no Rio Jordão, perto da cidade de Jericó. O Evangelho relata que Jesus fez este percurso, a pé, em três dias de viagem, ladeando o Rio Jordão para o Norte até a cidade de Magdala, no Lago Genezaré e daí entre as montanhas desertas até a cidade de Caná. O percurso foi de aproximadamente 80 km.
Caná virou um centro de peregrinação de cristãos de todos os continentes, tanto católicos como ortodoxos e de outras religiões e seitas. Hoje, no local, são celebradas as bodas de prata e de ouro de casais de todas as partes do mundo. Diariamente chegam casais para esta festividade nesta cidade.
Relatou-me um sacerdote, que do México veio um casal com seus filhos e netos, num total de 45 pessoas, para comemorar suas Bodas de Ouro. Renovaram o sacramento do matrimônio e depois celebraram com uma grande festa num restaurante. Contou-me o padre que todos esperavam que o marido presenteasse a esposa com um anel bonito e valioso, no entanto o marido tirou do bolso um envelope com um anel simples, feio, que foi presenteado à mulher no dia do casamento. Como o noivo não tinha posses, o anel era muito modesto. O marido disse que, 50 anos depois, aquele anel era o bem mais precioso que possuía, pois ele acompanhou a vida do casal: a primeira gravidez da esposa, as demais e a criação de todos os filhos. Era o anel do amor, da gravidez, do sacrifício que passaram juntos.
Uma das talhas da época
Participei do ato de renovação do matrimônio de um casal italiano, Bruno e Paola Faccin, da cidade de Busto Arcizio, que celebravam, naquele dia, 44 anos de casados. Estavam felizes, pois este era o sonho deles: festejar em Caná e pedir as bênçãos de Deus. Depois, a festa para os amigos, foi num restaurante familiar, próprio para este tipo de evento. Os proprietários são cristãos árabes palestinos, que oferecem sua casa para uma comemoração com os parentes. A comida era árabe, com muita salada e molhos especiais que davam um sabor diferente para os alimentos. O preço por pessoa foi de 28 dólares, incluindo o vinho tinto, um Merlot de excelente qualidade. Ao redor de Caná, existem videiras centenárias que ainda hoje produzem frutos. Aliás, Israel exporta vinhos finos produzidos por videiras irrigadas, com duas safras por ano, como na região nordeste do Brasil.
Hoje Caná tem em torno de 15 mil habitantes. A maior fonte de renda são os peregrinos, que aos milhares visitam anualmente a igreja que contém ruínas, inclusive uma das talhas de vinho da época. Lojinhas e restaurantes  proliferam nas ruas estreitas ao redor da igreja.  A população é constituída de árabes cristãos e muçulmanos que convivem pacíficamente.


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