Na história da família Simon são muitos os
desbravadores e pioneiros que lutaram para domar a floresta e cultivar a terra
benfazeja, no interior do Rio Grande do Sul. Um deles foi Wilibaldo Simon, de
Humaitá. Seus avós eram Mathias Simon e Regina Ramme; seus bisavós: Miguel
Simon e Johana Scherer e seus trisavós, Mathias Simon e Margarida Wurst, o
casal migrante da Alemanha. Nosso personagem nasceu no dia 17 de agosto de
1914, em Passo das Antas, Montenegro. Com dois anos, transferiu-se com seus pais
Jacob e Ana Catharina Rauber para a Linha Bela Vista, em Selbach. Conta
Wilibaldo que foram anos muito difíceis para toda a família. A derrubada de
frondosas árvores, as queimadas e o plantio do primeiro pé de feijão. Se não
fosse a caça e a pesca, dificilmente, teriam sobrevivido.
Wilibaldo em 1982 |
Uma das
dificuldades era o fato de ir ao moinho na Linha Teutônia, perto de Tapera. A
cavalo, Wilibaldo vencia as distâncias, levando sacos de trigo ou milho,
produzidos com sacrifício na propriedade e trazendo farinha para a família. Já
quando a família precisava de outras mercadorias industrializadas como arame,
sacos de aniagem e alimentos, a vila de Boa Esperança (Colorado) era o local
mais perto. Sempre a cavalo, percorria cerca de 25 kms de ida e mais a volta.
Haja sacrifício!
A família
de Jacob Simon foi uma das primeiras a chegar a Bela Vista, onde tudo era mato,
com muitos pinheiros. Seus vizinhos eram as famílias de Jacó Krist, Pedro
Schefer e Leopoldo Simon. Relata Wilibaldo que a primeira coisa feita na propriedade
foi desmatar a floresta até então virgem para o plantio de feijão, milho, arroz
e mandioca. Tudo para a criação de suínos e para o gado, ou seja, uma vaca,
cavalos e uma junta de bois para lavrar a terra. Um dos acontecimentos
marcantes, naquela época, era a colheita de pinhão. O pai de Wilibaldo era tão
eficiente que trepava nos pinheiros com muita facilidade e lá do alto derrubava
as pinhas com uma vara. Numa ocasião, desafortunadamente, Jacob caiu do
pinheiro, quebrando algumas costelas. A solução foi levá-lo, de carroça a
Tapera no famoso Hospital Dr. Steffens. Imaginemos como foi dolorosa esta
viagem, por mais de 20 kms, com costelas quebradas.
Mas já
estava na hora de contrair matrimônio e com 23 anos Wilibaldo casa-se com
Otília Kunrat, em 1º de maio de 1937. Como o pai Jacob mudara de residência
para o interior de Humaitá, então distrito de Palmeira das Missões, Wilibaldo
resolve também partir para novas terras. Como não havia estradas entre Selbach
e Humaitá, a carroça era o meio de locomoção da nova família e Wilibaldo ia
abrindo estradas com foice e facão, para a carroça passar. Foi uma longa e
cansativa viagem. O casal teve nove filhos: Ilga, Leonilda, Úrsula, Lori,
Olavo, Roque, Teresinha João e Luis.
Ana Catharina, mãe de Wilibaldo em 1982 |
Lembra Wilibaldo que também em Humaitá era
tudo mato, mas era muito gostoso de viver, pois além das lides na roça, havia
ainda muitos animais selvagens como
onças, veados, antas e outros bichos.
As caçadas eram memoráveis.
Em 1948 deixa a roça e fixa residência na vila
onde abre uma selaria para atendimento dos fregueses. Na época, o meio
principal de transporte era a carroça e o cavalo. Somente muitos anos depois,
surgiram os primeiros caminhões e ônibus. Wilibaldo torna-se um dos líderes da
comunidade e por isso mesmo participante ativo de todas as iniciativas da
comunidade. Duas grandes obras, Wilibaldo participou como trabalhador braçal: a
construção do colégio das freiras onde seus filhos estudaram e em 1950, a
igreja matriz, ponto de encontro de sua religião, a católica.
Familiares de Wilibaldo |
Wilibaldo e família sempre compareceram
aos encontros dos Simon. Em 1982 foi realizado o primeiro em Humaitá e em 2005,
o segundo. Depois foi a vez de participarem da
VI SIMONFEST, em Boa Vista do Buricá. O filho Luiz Simon é o agente da Associação
naquele município. Parabéns a toda a família Simon de Humaitá.
Que saudades do meu vovô... Quantas saudades
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