Dê asas à sua imaginação: sua família
possuía uma casa de madeira no interior de um município. Por ser uma das primeiras casas da
região, a prefeitura adquire a casa e a transfere na sua totalidade para a
praça principal da cidade e implanta na sua casa, a Casa de Cultura do
município. Pois isto aconteceu com a casa de Anselmo Simon, morador do interior
de Quilombo (SC)
Anselmo Simon na IV SIMONFEST em Pinhalzinho |
Um dos Simon que marcou época em
Quilombo (SC) foi Anselmo
Guilherme Simon, filho de Jacob Simon e Elisabetha Hentz Simon, neto de Miguel
Simon, bisneto de Nicolau e tataraneto de Mathias Simon, nosso Patriarca.
A
trajetória de Anselmo Simon começa na localidade de Sede Dourado, município de
Aratiba onde nasceu e estudou até a 4ª série. Sua família era de agricultores,
que lutavam para a subsistência e onde a fartura imperava, devido à diversidade
de produção. A família participava ativamente da comunidade a ponto do pai
Jacob Simon e suas irmãs participarem do coral da igreja católica.
Família de Anselmo com 14 filhos |
A
vida em família era normal para a época. As diversões eram os bailes, os filós,
jogos de bocha e posteriormente também o jogo de bolão. O pai Jacob era muito
brincalhão. Lembra Anselmo de uma curiosidade com o pai Jacob: certa vez estava
na lavoura, fazendo seu cigarro de palha, quando surgiu um avião. Todos diziam
que era do Presidente da República. Então ele, em tom de brincadeira, falou:
“Nossa o Presidente? Que vergonha, me viu parado e ainda por cima fumando!”
(tudo em alemão)
Anselmo com a mãe Elizabetha |
No
entanto, a família movida pela propaganda sobre a excelência de terras produtivas
em Santa Catarina, resolveu sair dos peraus de Sede Dourado quase à beira do
Rio Uruguai, para Quilombo (SC) Em 1948 saíram de Sede Dourado (com
os dois filhos menores), levando de caminhão toda a mudança. Os cavalos e
bois foram por terra, enfrentando toda a sorte de dificuldades na travessia do
Rio Uruguai. Em Quilombo tiveram o auxílio inicial da irmã de Anselmo, Rosa
Elvira, até a decisão de comprarem suas próprias terras.
Anselmo
tinha então com 17 anos. Logo ambientou-se naquela localidade e com a família
de seu pai, escolheram um região onde
havia muita mata e água, com caça e pesca abundantes. Foram adquiridas três
colônias de terras, junto a um rio.
Anselmo
casou-se com Aloisia Martha Hannauer Simon. A princípio, o casal trabalhou na
roça, mas Anselmo também colaborava numa serraria e construía casas de madeira.
Uma delas foi do seu amigo Luiz Kottwitz onde ajudou a erguer uma casa linda,
grande e após sua conclusão a comprou passando a morar nela com seus pais e
seus filhos no ano de 1964. Ali outros filhos nasceram, num total de 14.
Anselmo
estava sempre atento às novas tecnologias. Uma delas foi a energia elétrica. Quando
a CELESC – Companhia de eletricidade de Santa Catarina chegou em Quilombo, por
volta de 1969, Anselmo foi entre poucos agricultores a instalar energia
em sua residência, com todos os benefícios advindos. Um deles foi a instalação
de uma televisão, a primeira em toda a redondeza. Nos jogos das copas de 1974,
1978 a casa ficava repleta de vizinhos torcendo pelo Brasil.
O
espírito empreendedor de Anselmo não parou por aí. Juntamente com seu
cunhado Ivo Hannauer construiu um grande moinho, com uma imensa roda d’água de
nove metros de altura. Foram construídas duas represas, uma no Rio Quilombo e
outra numa sanga, O canal com água passava pelas terras de Luiz Kottwitz e
pelas terras de Anselmo até chegar ao moinho, onde fazia-se farinha para toda a
região.
Além
de toda sua atividade, Anselmo tinha um hobby, a fotografia, Com sua Kodak
fotografava a vida de uma família rural e de sua comunidade, Gostava de fotografar,
principalmente a juventude, os banhos de rio e as reuniões dos grupos de
jovens.
Outra
atividade era a medição de terras. Por muitos anos foi um agrimensor. Apesar de
possuir somente o ensino primário, era requisitado para fazer medição de terras
e o resultado não era contestado por ninguém, merecendo o respeito entre seus vizinhos
e amigos.
Sobretudo,
Anselmo era de um coração generoso. Sua felicidade era fazer os outros felizes.
Seu fuca levava e trazia gratuitamente os vizinhos para a cidade, sempre
ajudando os que mais necessitavam.
Os anos de lutas e dificuldades vencidas
começavam a pesar sobre a sua saúde. Com o agravamento da asma foi obrigado a
deixar de trabalhar na agricultura. Aí entrou novamente seu espírito
empreendedor e seu amor pela natureza: a produção de frutíferas. Andava por
todos os cantos de Quilombo e interior, fazendo os pedidos e após, alugava um
caminhão e ia a São Sebastião do Caí e redondezas buscar as mudas. Lotava um
caminhão de tantas mudas que comprava, depois com seu fusca percorria todas as
localidades do interior fazendo as entregas. Uma das filhas revelou que “Tivemos
também viveiros de pinheirinhos, por muitos anos, Todos os filhos participavam
da produção, enchendo os saquinhos de terra e acondicionando um do lado do
outro em grandes canteiros. Quando os pinheiros já estavam com 10 cm mais ou menos
eram vendidos ou replantados na propriedade”.
Paralelamente,
Anselmo abriu uma loja de roupas, joias e relógios, no ano de 1979. Ele mesmo
com a ajuda das filhas, confeccionou a placa da loja (CASA SIMON – Roupas
Relógios e Joias). Viajava à São Paulo e fazia as compras para a loja, porém como ele era do tempo do fio de
bigode, não associou-se ao SPC e vendia tudo no crediário, fiado. Fazia
empréstimos no Banco, ia para São Paulo comprar mercadorias, porém muitos não
pagavam, até hoje minha mãe guarda algumas notas promissórias que nunca foram
executadas. Assim o negócio faliu. Ah! Ele também foi candidato à Vereador e
não se elegeu por 15 votos. Era defensor fervoroso da ARENA. Relata uma das
filhas que “lá em casa não havia discussão, meu pai não permitia, era taxativo
e convicto de que partido bom era a ARENA e time de futebol, o GRÊMIO”. Os filhos cresceram sob a supervisão do pai, que deve ter herdado
de seus antepassados o jeito enérgico de educar. Não admitia em hipótese alguma
que os filhos desobedecessem suas ordens. Mas por outro lado era carinhoso,
gostava que os pequenos sentassem em seu colo, prendendo os pés entre suas
pernas para fazer ginástica. Se ele ficasse doente queria sempre alguém
segurando sua mão e gostava de flores principalmente rosas, em seu quarto.
Os
netos meninos adoravam passear na casa do vovô, como era chamado, para
acamparem. O vô pegava um facão, lona, cobertores, cordas e juntamente com seus
netos se dirigia para a beira do rio em um local com matinho fechado, onde
faziam o acampamento.
Casa de Anselmo, hoje Casa de Cultura de Quilombo |
Em
junho de 1997, faleceu por complicações pulmonares, com 65 anos. Foi então que
a casa, para surpresa de filhos e netos, com interferência do filho Francisco
Simon, foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Quilombo. A princípio foi
colocada na Praça da cidade, com mastros da bandeira do município, estado e
Brasil, como Casa da Cultura. Hoje ela continua sendo a Casa de Cultura do
município, porém está localizada em rua lateral, próxima à Prefeitura
Municipal. Ela tornou-se o símbolo da cidade de Quilombo. Aventura única na
história dos Simon.
Obrigada Camilo por esta homenagem ao meu pai. Ele era um homem forte, de fibra que deixou um belo exemplo para seus descendentes. Todos teu orgulho do vovô Anselmo Simon
ResponderExcluirLinda homenagem!
ResponderExcluirMuito bom relembrar das belas histórias.
Eu tinha um tio chamado Alfredo Simon que faleceu faz uns 3ou 5 anos e não me engano. A mulher dele é chamada de Lori tenho uma prima.Mas não os conheci pessoalmente.Ele era político de Porto Alegre não sei se ministro ou algo de um cargo desse género.
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