domingo, 20 de outubro de 2013

A fascinante caminhada de 5.600 km: de Paris a Jerusalém

Os caminhantes pelo mundo exercem um fascínio sobre seus fãs. A história de uns é motivação para outros.
Muitos começam experimentando as emoções da apaixonante caminhada que é o “Caminho de Santiago de Compostela, com mais de 800 km, na Espanha. Existe outra rota que termina em Assis, a terra de São Francisco, quase no centro da Itália. No entanto, a grande moda pela Europa vem sendo a longa caminhada até Jerusalém. São vários os roteiros e um dos mais percorridos sai da Polônia católica. Mas há também saídas da Alemanha, da Inglaterra e da França. Esse último foi o escolhido pelas peregrinas francesas Christiane Saussier e Béatrice Lachat, ambas enfermeiras e aposentadas. Eu as conheci visitando o norte de Israel, na cidade histórica de Tiberias. No  próximo dia 25  chegarão à Jerusalém, com mais de 5.600 km percorridos a pé.
Béatrice e Christiane percorreram 5.600 km

“A decisão de caminhar até Jerusalém partiu do nosso íntimo. Ambas  precisávamos sair da agitação das grandes cidades como Paris e percorrer o interior. Precisávamos de silêncio e de meditação e isso conseguimos caminhando”- explica Christiane. Para tanto, foram anos de preparação para o físico adaptar-se a longas jornadas. Elas já realizaram o sonho do Caminho de Santiago de Compostela em 2007 e o Caminho de Assis em 2008. Faltava o Caminho de Jerusalém, o mais longo e árduo. Depois de meses de preparação e escolha de roteiros, decidiram partir. No dia 23 de fevereiro deste ano, na Catedral Notre Dame de Paris despediram-se dos filhos, familiares e amigos e partiram rumo ao desconhecido. Cristiane leva uma mochila nas costas e Béatrice um carrinho, de uma roda que foi adaptado especialmente para a viagem. Ele é acoplado às suas costas, de modo que ela possa ter as mãos livres para levar um cajado de apoio.
O roteiro escolhido foi o seguinte: França, Itália, Albânia, Macedônia, Grécia, Turquia, Ilha de Chipre e finalmente Haifa, o maior porto de Israel. Tiveram que alterar o roteiro inicial que era passar pela Síria devido à guerra civil.
As caminhantes em Tiberias. Ao fundo, o  Lago Genezaré

Revela Béatrice que foi lindo passar pela Itália, um país turístico e de paisagens deslumbrantes. Um único problema surgiu em Roma, quando foram visitar o Vaticano. Foram assaltadas e perderam uma pequena bolsa. De Roma foram até o sul da Itália e dali, de barco, passaram para a Albânia, outro país muito belo. Seguindo o roteiro, passaram pela Macedônia e pela Grécia, um país de muitas histórias seculares. Reclamaram do atendimento dos ortodoxos, pois estes fechavam as igrejas onde elas gostariam de entrar. O país que melhor as recebeu foi Turquia, que tem maioria muçulmana. “Onde passávamos éramos acolhidas em casas de moradores que nos ofertavam frutas, comida e até pouso”. Também na Turquia, visitaram Antioquia, uma cidade onde São Paulo viveu por alguns anos; a cidade de Tarso, terra natal de São Paulo e Éfeso, onde viveu São João. Na ilha de Chipre viram que o Norte é desenvolvido e o sul muito pobre ainda. Dali, embarcaram num navio até o Porto de Haifa em Israel. A partir dali, passaram a conhecer o norte de Israel,  como a cidade de Naharia na fronteira com o Líbano e outras cidades menores até chegarem a Tiberias, local em que as conheci. Daqui partiram em direção a Cafarnaum, cidade histórica onde residiu Jesus na sua vida pública. O roteiro até Jerusalém inclui outras cidades consideradas sagradas como Caná, Nazareth, cidades da Samaria e finalmente a velha Jerusalém, cidade símbolo da universalidade e testemunha dos maiores acontecimentos da vida de Jesus: sua prisão, condenação e morte de cruz, sua ressurreição e ascensão aos céus. “No dia 25 de outubro, em Jerusalém, vamos nos reunir com os filhos que virão de Paris para fazermos juntos um roteiro turístico em Israel” - revelou Béatrice.
A cruz do peregrino alemão

A rotina da viagem é sistemática. À noite é feito o traçado da viagem do dia seguinte, com hora marcada para sair e chegar para o próximo pouso. As peregrinas caminham uma média de 30 a 35 km por dia. A chuva e o frio nunca foram empecilhos para a viagem. O calçado é apropriado - revezam entre o tênis e as sandálias. Nestes oito meses de caminhada nunca ficaram doentes e escrevem um diário contando as peripécias da viagem em um blog que é alimentado todos os dias. “Nosso objetivo foi conquistado, pois tivemos muito tempo para refletirmos sobre nossas vidas, fazermos meditações e conhecermos de perto a variedade de tradições, de culturas e de pessoas, que têm características próprias. Todas merecem viver e nenhuma raça é superior à outra” – revelaram.
No Monte Tabor,na Galileia, na Igreja da Transfiguração existe uma cruz que foi trazida pelo alemão João Muller, em 1933. Ele tinha 58 anos e seu sonho era chegar ao Monte Tabor. Levou alguns anos para chegar  aqui. Como vemos este fascínio de caminhadas  não é de hoje.


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