domingo, 24 de dezembro de 2017

JOÃO ALFREDO SIMON, O PIONEIRO DOS SIMON EM SERTÃO (PASSO FUNDO)


 

            Chamava-se João Alfredo Simon. Nasceu na Casa dos Simon, na Capela N. Sra. do Rosário, interior do São José do Hortêncio. Criou-se na mesma propriedade do nosso ancestral Mathias Simon, que veio da Alemanha em 1829 e estabeleceu-se ali, quase às margens do rio Cadeia. Em 1868, o filho Mathias Simon Júnior construiu a Casa dos Simon que em 2019 completará 150 anos de fundação. João Alfredo era filho de José Simon, neto de Mathias Júnior, o último a morar na Casa. Sua família era composta de sete irmãos e sete irmãs.
Alfredo e esposa em 1926
 

A trajetória de João Alfredo foi sempre com muito sacrifício. Depois de nascer a 8 de janeiro de 1903, transferiu-se com a família para a cidade de Tapera em 1915 e ali casou com Amélia Basso. Inicialmente, residiram em Não Me Toque, Carazinho, Nova Fiume (Ibiaçá) e finalmente em Sertão, então município de Passo Fundo. A cada dois anos, encomendavam um filho, num total de 12. João Alfredo foi um dos pioneiros na extração de araucária no Planalto Médio e com os filhos mais velhos montou uma serraria no interior da vila. Serravam as toras de pinheiros, transformavam em tábuas e eram exportadas pela Viação Férrea do RGS, por Coxilha, para a Argentina e Uruguai.

Bocha era o lazer de Alfredo Simon
Paralelamente, João Alfredo dedicava-se à sua profissão original de funileiro. Ao morar em Sertão, abriu uma funilaria, sendo a primeira da vila, em 1941. De suas mãos habilidosas saiam baldes, canecos, funis, bacias, calhas, chuveiros, fogões, etc. Tinha um dom especial para a fabricação dos sonhos das crianças, engenhando pequenos caminhões de lata e fazendo as crianças felizes.


Banda Santa Ccecília. Alfredo é o segundo da esq. para a dir.
João Alfredo era um homem otimista. Falava bem o alemão e era um autêntico Simon. Assinava o Jornal do dia, de Porto Alegre, com suplemento em alemão. Tinha um pendor especial para a música. Em Sertão (Passo Fundo) foi um dos fundadores da banda, onde tocava vários instrumentos. Era a banda que animava as festas de igreja, procissões e os bailes pela região. Sua especialidade era o violino. As missas de Natal tinham um sabor especial. Quando João Alfredo acompanhava a canção Noite Feliz, a emoção tomava conta de todos os presentes.

Família Simon em 1954
 Mais tarde, em 1957, João Alfredo Simon e família transferiu-se para o interior de Santo Ângelo, na localidade de Comandaí. Dedicou-se à agricultura plantando trigo e linhaça. Ali o violino passou a comandar as missas do pequeno lugarejo, bem como era exímio jogador de bocha. João Alfredo faleceu em 1966, na cidade de Santo Ângelo. Mas as lembranças permanecem até hoje e o violino também. A família do filho Dionísio Simon o conserva até hoje na cidade de Cascavel, Paraná. Intacto. Uma relíquia de família. Hoje seus descendentes estão espalhados em vários Estados brasileiros, como Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Violino de Alfredo Simon com mais de 80 anos


 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

PEDRO SIMON O PIONEIRO DOS SIMON EM PINHALZINHYO


              No século passado, os gaúchos foram os protagonistas da colonização de Santa Catarina e do Paraná, mediante muito sacrifício, aventura e desafios. As empresas colonizadoras atraíam principalmente os colonos, com famílias numerosas, prometendo terras férteis e planas. Nas décadas de 40, 50 e 60, milhares de gaúchos atravessaram o Rio Uruguai em busca do Eldorado. Muitos foram beneficiados; outros, foram sacrificados devido às colônias com terras impróprias para a agricultura, impossibilitando uso de novas tecnologias.
Família de Pedro Simon em 1946, com a casa ao fundo

            Em meio ao êxodo rural do Rio Grande, um Simon chamado Pedro foi um dos aventureiros. Nasceu em Forqueta, perto de Caxias do Sul, no dia 27 de dezembro de 1895. Seu pais eram Guilherme Simon e Catharina Kandler e o avô Nicolau Simon, terceiro filho de Mathias Simon, o imigrante alemão. Pedro casou com Reinoldina Jost e desta união resultou em 11 filhos. A família mudou-se, primeiramente, para Selbach ( RS) onde nasceram todos os filhos. Depois, movido pela propaganda das empresas colonizadoras do oeste catarinense, decidiu tomar novo rumo e transferiu-se para o interior de Pinhalzinho (SC).

            A viagem com um caminhão Ford, 1946 foi muito penosa. Contam os filhos de Pedro, que a mudança com toda a família foi num caminhão. Chegando nas margens do Rio Uruguai, o problema tomou ares de aventura. O rio estava cheio e a balsa era movida a remo. Todos os filhos foram obrigados a ajudar a remar para a difícil travessia. Depois de muita reza das mulheres Simon, finalmente a balsa encostou no outro lado. Estavam em Santa Catarina.  O primeiro trecho em direção a Pinhalzinho foi feito de caminhão, por picadas entre morros e cerros, pois não havia estradas. O caminhão trafegou até não poder mais seguir.  Dali, em diante, o trajeto foi feito de carroça alugada e toda a família andou a pé, cada um carregando um objeto ou um saco. Primeiramente, a família tinha escolhido a Linha Machado (Pinhalzinho) para se estabelecer, porém as negociações fracassaram devido às terras acidentadas e toda a família teve que migrar para outro local, desta vez na Linha Anta Gorda, onde viveram por dois anos. Nova mudança, desta vez, a definitva, foi para Linha Volta Grande (Pinhalzinho), onde Pedro comprou duas colônias de terra. Ali vivem alguns descendentes até os dias atuais.
Pedro Simon e esposa, saboreando um chimarrão em 1946

            Os primeiros anos foram muito trabalhosos para toda a família e tudo era feito com muito sacrifício. A falta de estrutura de estradas, a ausência do poder público e a selva que precisava ser dominada a machado e a serra foram alguns empecilhos. Esta foi a vivência deste pioneiro de Pinhalzinho, que afrontou todas as adversidades com coragem, luta e denodo. Os filhos Ari, Otto, Beno, Elvino, Lotário, Seno, Selita, Leonida, Arno, Valdemar e Edmundo foram testemunhas deste migrante que enfrentou o desconhecido, a mata e todos os perigos.  Soube honrar as tradições de seus pais, avós e bisavós e forjou uma família trabalhadora, unida e feliz.


            Hoje seus filhos,  netos e bisnetos participam de diversas comunidades, principalmente em Pinhalzinho, elevando o nome dos Simon, com muito orgulho e deixando um rastro de honradez para as próximas gerações.

 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TRIGEMEAS SIMON DE SÃO MIGUEL DO OESTE: EXEMPLO DE SUPERAÇÃO E SOLIDARIEDADE



 


           

            Único caso na história da Família Simon foi o nascimento das trigemeas Simon - Lucilene, Luciana e Lucimara, nascidas em quatro de novembro de 1974, no Hospital Missen, em São Miguel do Oeste, Santa Catarina.

As trigêmeas em 2016

            A história do nascimento foi muito interessante, pois a própria mãe Iritinha Teresinha Simon, que na época morava com o esposo Leopoldo Simon em Grápia, interior de São Miguel do Oeste, nem desconfiava que nasceriam trigemeas pois não fez nenhum exame pré-natal.  Somente tinha aquela barrigona. Um velhinho, vizinho da família dizia:
           -Dona Rita a senhora vai ter trigemeas!
            Chegando o dia do nascimento, dona Rita foi conduzida pelo marido Leopoldo ao Hospital, onde o médico Dr. Missen também nada sabia. Após os preparativos, nasceu a primeira menina, de parto normal. O pai Leopoldo, todo orgulhoso, correu para fora do Hospital para comprar uma mamadeira numa farmácia, pois a esposa dona Rita havia esquecido em casa. Ao voltar ao Hospital, uma grande surpresa: havia nascido a segunda filha. Imediatamente Leopoldo corre para a farmácia e compra outra mamadeira. Novo regresso ao Hospital e aí sim recebe uma bomba quase mortal que o deixou estático e em estado de choque: nasce a terceira filha. Leopoldo esbaforido e tresloucado de alegria, corre hospital afora e atravessa a rua gritando para o dono da farmácia:
            - Olha nasceu mais uma, me dá mais uma mamadeira!
As trigemeas
 
           Volta correndo ao Hospital para ver as filhas, pois não acreditava no que havia acontecido! Esperava uma filha e vieram três. Leopoldo logo pensou na criação e no leite para as crianças. Teria que aumentar horários de trabalho para dar sustento à família.

               Hoje (2017) passados 43 anos do histórico dia, onde estão as trigemeas? Como foi a vida delas ? Qual é a trajetória de cada uma?

               Lucilene, Luciana e Lucimara são univitelinas e possuem as mesmas características físicas na altura, olhos, peso e cabelo. Porém, a forma de pensar e agir são totalmente diferentes. Lucilene tem algumas características psicológicas visíveis.  Ela diz: “não consigo deixar nada para amanhã, o problema tem que ser solucionado na hora. Sou reservada. Não gosto de sair em lugares barulhentos. As irmãs falam que sou a mais chata das três. Sempre quero voltar para casa na hora certa. Odeio chegar atrasada em qualquer lugar. Tenho mania de perfeccionismo, guardo fotos antigas e assisto filmes várias vezes”. Já Luciana é tranquila e meiga. Está sempre de bem com a vida; não reclama de nada, gosta muito de ler e é muito responsável pelo trabalho. A leitura, herdou do pai. Tem mania de dormir cedo e coleciona livros de investigação policial. A Lucimara é muito comunicativa, faz amizade fácil, é companheira para festas, apaixonada por carros, mania de limpeza de seu carro e mania de consumismo em roupas. Já em relação a gostos materiais as três são muito parecidas em roupas, música, leitura, cinema e artes.

           Recordam que em suas vidas de trigemeas, aconteceram fatos que devido à semelhança física, obtiveram facilidades e inclusive, muitas vezes se aproveitaram para usufruir de algumas benesses. Contou Lucilene que uma vez fez uma prova no lugar de Luciana. As duas estudavam em salas de aula, separadas. Luciana precisava de um nota para passar de ano e como Lucilene já havia feito a prova de matemática, foi fácil fazer a dela e tirar a nota que precisava. Na época, a professora nem desconfiou, pois até o uniforme do colégio era igual. Ninguém desconfiou. Hoje a professora Águida sabe da brincadeira, porque foi relatada para ela numa reunião de ex-alunos do Colégio São Miguel. Ela disse que não se conforma com o fato, pois dava aula para as três e dizia que sabia distinguir quem era quem.


As trigemeas em Pinhalzinho
            Porém, o destino de cada uma foi diferente: Lucilene e Luciana foram residir em Florianópolis e Lucimara ficou morando com a mãe, em São Miguel do Oeste. Até 2016, Luciana era técnica em administração e gerente administrativa de compras de uma papelaria e livraria em Florianópolis. Para o futuro, pretendia ter sua própria livraria com um bar café; Lucilene foi enfermeira e trabalhou numa Clínica e no Hospital Universitário. Pretendia morar e estudar na Itália. Já Lucimara foi consultora técnica de automóveis da Chevrolet. Pretendia se formar em psicologia e trabalhar com crianças e adolescentes.

            Hoje, 2017, o destino reservou algo diferente para as irmãs. Tudo mudou nos sonhos de cada uma das três. Lucimara continua trabalhando em revenda de automóveis em São Miguel do Oeste. Está feliz com sua atividade. Do fruto do amor no casamento resultou na vinda de uma linda menina que hoje tem três meses. É a filha mais amada do mundo. Porém, para Lucimara, a vida tomou outros rumos exigindo mais desafios, coragem e luta: depois de 17 anos em Florianópolis, vindo de férias para São Miguel do Oeste, foi envolvida em um grave acidente de moto, ficando paraplégica, em 2016. Lucimara viu o mundo desabar. Os primeiros dias, refugiada numa cama de hospital, foram os mais terríveis da sua vida. Aí começou a peregrinação para uma melhora da qualidade de vida de Lucimara. De vital importância foi o tratamento que foi dispensado pelo Hospital Sara Kubitschek, em Brasília. Hoje vive com sua mãe em São Miguel do Oeste. Recebe também o carinho de sua filha Lara, com 10 anos. Lucimara, aos poucos está absorvendo sua nova vida, procurando adaptar-se às suas limitações, dando demonstração de tenacidade. Para isto, conta com a ajuda de sua irmã, Lucilene, que depois de 17 anos de atividade em Florianópolis, deixou tudo, mudou de vida e voltou para São Miguel do Oeste, para cuidar e auxiliar a irmã. Pode existir um amor incondicional maior do que este praticado por Lucilene? Também ela terá que iniciar uma nova vida em sua terra, sendo um arrimo para a irmã em todas as ocasiões. A família toda teve que adaptar-se a esta nova realidade. Lucimara ajudando em todas as necessidades, Lucilene tomando todas as decisões, e Luciana, já pensando em como ser útil à sociedade e à família, através da internet.            

 
As trigêmeas em 1992, na IV SIMONFEST
 
            Graças a ajuda dos parentes, dos amigos e de eventos realizados, as trigemeas estão conseguindo tomar novos rumos para suas vidas. É o momento de uma corrente de solidariedade de todos os Simon do Brasil, Argentina e Paraguai.