No século passado, os
gaúchos foram os protagonistas da colonização de Santa Catarina e do Paraná, mediante
muito sacrifício, aventura e desafios. As empresas colonizadoras atraíam
principalmente os colonos, com famílias numerosas, prometendo terras férteis e
planas. Nas décadas de 40, 50 e 60, milhares de gaúchos atravessaram o Rio
Uruguai em busca do Eldorado. Muitos foram beneficiados; outros, foram
sacrificados devido às colônias com terras impróprias para a agricultura,
impossibilitando uso de novas tecnologias.
Família de Pedro Simon em 1946, com a casa ao fundo |
Em meio ao êxodo rural do Rio
Grande, um Simon chamado Pedro foi um dos aventureiros. Nasceu em Forqueta,
perto de Caxias do Sul, no dia 27 de dezembro de 1895. Seu pais eram Guilherme
Simon e Catharina Kandler e o avô Nicolau Simon, terceiro filho de Mathias
Simon, o imigrante alemão. Pedro casou com Reinoldina Jost e desta união
resultou em 11 filhos. A família mudou-se, primeiramente, para Selbach ( RS)
onde nasceram todos os filhos. Depois, movido pela propaganda das empresas colonizadoras
do oeste catarinense, decidiu tomar novo rumo e transferiu-se para o interior
de Pinhalzinho (SC).
A viagem com um caminhão Ford, 1946
foi muito penosa. Contam os filhos de Pedro, que a mudança com toda a família
foi num caminhão. Chegando nas margens do Rio Uruguai, o problema tomou ares de
aventura. O rio estava cheio e a balsa era movida a remo. Todos os filhos foram
obrigados a ajudar a remar para a difícil travessia. Depois de muita reza das mulheres
Simon, finalmente a balsa encostou no outro lado. Estavam em Santa
Catarina. O primeiro trecho em direção a
Pinhalzinho foi feito de caminhão, por picadas entre morros e cerros, pois não
havia estradas. O caminhão trafegou até não poder mais seguir. Dali, em diante, o trajeto foi feito de carroça
alugada e toda a família andou a pé, cada um carregando um objeto ou um saco.
Primeiramente, a família tinha escolhido a Linha Machado (Pinhalzinho) para se
estabelecer, porém as negociações fracassaram devido às terras acidentadas e
toda a família teve que migrar para outro local, desta vez na Linha Anta Gorda,
onde viveram por dois anos. Nova mudança, desta vez, a definitva, foi para
Linha Volta Grande (Pinhalzinho), onde Pedro comprou duas colônias de terra.
Ali vivem alguns descendentes até os dias atuais.
Pedro Simon e esposa, saboreando um chimarrão em 1946 |
Os primeiros anos foram muito
trabalhosos para toda a família e tudo era feito com muito sacrifício. A falta de estrutura de
estradas, a ausência do poder público e a selva que precisava ser dominada a
machado e a serra foram alguns empecilhos. Esta foi a vivência deste pioneiro
de Pinhalzinho, que afrontou todas as adversidades com coragem, luta e denodo. Os
filhos Ari, Otto, Beno, Elvino, Lotário, Seno, Selita, Leonida, Arno, Valdemar e
Edmundo foram testemunhas deste migrante que enfrentou o desconhecido, a mata e
todos os perigos. Soube honrar as
tradições de seus pais, avós e bisavós e forjou uma família trabalhadora, unida
e feliz.
Hoje seus filhos, netos e bisnetos
participam de diversas comunidades, principalmente em Pinhalzinho, elevando o
nome dos Simon, com muito orgulho e deixando um rastro de honradez para as
próximas gerações.
Olá tudo bem! Muito interessante sua publicação, muito bom saber um pouco da história e trajetória de nosso bisavô Pedro. Aí conversar com meu pai, filho de Leonida Simon, percebemos que houve um erro de digitação, pois à filha mais velha se chamava Ani/Ana, e não Ari, como está na publicação. Muito obrigada por dividir essas histórias emocionantes !
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