segunda-feira, 19 de junho de 2017

ACIDENTE TIRA A VIDA DE PEDRO EMANUEL


Depois da primeira visita ao tio Pedro Emanuel, fui ainda, outras vezes, conversar com o pesquisador e cada vez mais aumentava meu ardor pela causa genealógica.
               A 13 de outubro de 1966 fiquei sabendo pelo Jornal do Dia, que Pedro Emanuel fora vítima de um grave acidente nas ruas de Porto Alegre. Ao atravessar a avenida Protásio Alves, no bairro Petrópolis, foi colhido por um automóvel em uma curva da avenida, vindo a falecer. O jornal marcava a hora do velório e sepultamento. Imediatamente embarquei num ônibus e participei do enterro. Ali conheci superficialmente os filhos e netos, bem como os irmãos de Pedro Emanuel. Foi o fim de uma longa jornada exitosa deste tio apaixonado pela família. A ele devemos a história passada de cada membro da família Simon, uma história cheia de detalhes, de datas, de vidas. A ele devemos a descoberta desta longa história de nossos antepassados, que vem enriquecer e dar sentido às nossas vidas.
Pedro Emanuel e sua esposa Regina em 1905
Aos poucos, aproximei-me dos primos e primas, de modo especial com as filha, Paula e Mariazinha. Fui conhecendo o perfil de Pedro Emanuel. Seu nascimento foi na Casa dos Simon na Vila Nova Baixa, em frente à Capela do Rosário, onde residiam seus pais, José Simon e Catharina Steffens. Mathias Simon Júnior, seu avô, veio a falecer em 1875. Seu pai veio a falecer em 1917 na Capela do Rosário e sua mãe em 1948, em Tapera. Em 1909, casou com Regina Breitenbach na localidade de Feliz. O casal teve sete filhos. O primeiro deles foi Pedro Emanuel nascido em 2 de fevereiro de 1888 e falecido em 1966 em Porto Alegre.  Depois, nasceram Maria Octavilina, Agostinho Lotário Simon, Maria Cordélia Simon, André José Simon, João Amadeu Simon e Maria Teresa Simon. Com a segunda  esposa, Maria Ferreira da Silva teve mais três filhos: Saul da Silva Simon, Paula da Silva Simon e Maria da Silva Simon.

Pedro Emanuel era inicialmente cirurgião dentista e como tal residiu em diversas localidades do interior do Estado.  Primeiro foi em São Sebastião do Cai, onde nasceu a filha Maria Octavilina. Em seguida, foi para Casca onde nasceu o filho Agostinho Lothário. Depois voltou a São Sebastião do Cai onde nasceu Maria Cordélia. Na localidade de Corvo, no interior de Estrela, nasceu o filho André José. Já o filho João Amadeu nasceu em Roca Sales. Depois foi para a vila Arroio do Meio onde nasceu Maria Tereza. Pedro Emanuel com a esposa Maria viveu em Cruz alta onde nasceu o filho Saul. Depois transladou-se ainda para Três de Maio e Porto Alegre. Ali nasceu a filha Paula. E por último, a filha Maria nasceu em Guaíba.
 
Dona Maria, segunda esposa de Pedro Emanuel
Seus últimos anos de vida foram em Porto Alegre, como funcionário público municipal, além de exercer a profissão de dentista em sua residência na avenida Bagé 484. Igualmente Pedro Emanuel foi professor de Esperanto. Vamos deixar que sua filha Paula trace o perfil do pai, através de depoimento por escrito em 1983, no Jornal do Simon N. 8. Assim o descreveu a filha Paula: “ Como ele era? Bom. É a primeira qualidade que me vem à mente; honesto com profundo senso de propriedade e justiça. Papai possuía um arraigado espírito de família num sentido amplo da palavra. Nunca um parente chegou à nossa porta que não a encontrasse aberta. Sempre que os parentes que vinham do interior para uma visita, para uma consulta médica, para um curso ou outro motivo, sabiam que a casa do tio Emanuel estaria sempre à disposição. Quando isto acontecia, ele ficava feliz conversando em alemão, com o parente, relembrando fatos, procurando saber notícias de todos os outros parentes que estavam longe. Os serões são um caso à parte. Papai como todo o Simon possuía o dom natural da música. Tocava diversos instrumentos, como órgão, violino, violão, acordeón e instrumentos de sopro. Sabia cantar e organizava grupos de cantos e coral e regia com imenso prazer. Ensinava os filhos a tocar e cantar e gostar de música desde a infância. Lembro de uma época que ele morava em Guaíba, lá por 1945. Ele tocava órgão na igreja e tinha um coro a quatro vozes, que era o orgulho da pequena paróquia. Papai também compunha música e fazia arranjos instrumentais. Papai também tinha uma visão bastante atualizada do mundo, para uma pessoa nascida em 1888. Aceitava as mudanças e procurava manter-se atualizado. Mantinha correspondência em Esperanto com diversos amigos pelo mundo. Outro detalhe: jamais nos bateu. Nenhuma palmada sequer. Jamais nos infringiu castigos temporais e também não dava “ordens”. Ele respeitava a individualidade de cada filho e quando queria alguma coisa pedia “por favor”. Ele sempre nos chamava para ajudar em seus afazeres. Nos sentíamos orgulhosos ao ajuda-lo por exemplo a confeccionar uma prótese dentária no consultório; a virar a terra e preparar um canteiro de alfaces. Esta era sua maneira particular de praticar a Teoria de Gestalt, hoje tão difundida: “ Aprender fazendo”.
Pedro Emanuel com a banda formada pelos filhos em 1918
 
A última filha, Maria da Silva Simon também relatou alguns aspectos da vida do pai. Depois de recordar que o pai tocava inúmeros instrumentos musicais, disse: “Lembro que o papai contava que havia formado um conjunto musical com os filhos do primeiro casamento. Não sei que instrumento que cada um tocava, mas sei que o professor era o próprio papai. Também ele se interessava muito por botânica e pesquisou muito sobre plantas medicinais. Lembro que cada vez que recebíamos a visita do Pe. Balduino Rambo, primo em segundo grau, falava-se muito sobre as plantas medicinais”. Maria também relatou que o pai sofria muito com as dores das filhas, Thereza e Maria Octavilina. Quando estavam desamparadas, nossa família as acolhia. Maria lembra também do sentimento do pai e do seu sonho de ver todos os parentes reunidos como amigos e sem divisões. Lembra também de suas pesquisas genealógicas, feitas ora através do correio, com questionários aos parentes, ora em viagens que às vezes duravam um mês. Outra lembrança é sua pesquisa junto à Cúria Metropolitana para encontrar os parentes.
Na próxima edição,  a descoberta: somos mais de vinte mil descendentes de Mathias

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