No começo do século 18, em toda a região alemã da
Alsácia e Lorena, havia uma intensa propaganda do império brasileiro,
convidando as famílias para migrarem para o Brasil. Dom Pedro I, imperador
brasileiro havia se casado com a princesa Leopoldina, da Áustria. Leopoldina
falava alemão e era motivo de uma
migração maior de alemães. Também a situação econômica da Alemanha contribuía
para uma migração, pois muitos alemães passavam muita penúria.
Isto levou a milhares de famílias alemãs a migrarem para o
Brasil, a partir de 1824. Atraído por promessas
pelo seu espírito aventureiro, Mathias
Simon, com 40 anos, com sua mulher Margarethe e os seis filhos, reuniu a
família, recolheu seus pertences e dirigiu-se, de carroça, de Hermeskeil até o
Porto de Bremen, Alemanha. Ali esperaram por alguns meses. No dia 26 de
setembro de 1828 a bordo do navio "Olbers", Mathias e sua família
despediu-se de sua Alemanha para sempre.
O navio chegou ao Rio de Janeiro a 17 de dezembro de 1828. Foram 83 dias
de viagem de navio em alto mar.
Hermeskeil era cercada de muros |
Toda esta aventura está narrada em documentos da época. Vejamos o que diz o historiador Carlos
Igreja de Hermeskeil em 1680 |
Unsche em carta enviada ao editor do Jornal dos Simon, jornalista Camilo Simon, em 1980: “Quanto ao navio transatlântico que teria levado a família Simon ao Brasil em 1828, o amigo afirma que teria sido o veleiro "Olbers" sem, porém, indicar a fonte. Também Leopoldo Petry indica o mesmo navio no seu livro "São Leopoldo", mas também Petry não indica a fonte.
Graças ao meu material documentário já acumulado para o meu próximo livro: "O quadriênio 1827/30 da Imigração e Colonização Alemã no RS" possuo em fotocópia uma relação elaborada em papel ofício, com carimbo e emblema do Império do Brasil, datada de 12 de agosto de 1828, onde se encontra sob o número corrido 91, o nome de Mathias Simon, na escrita "Mathias Siemon". Esta relação é do Vice-Consulado do Brasil em Bremen e enumeram 152 famílias com 719 pessoas mais 57 avulsos, totalizando 767 passageiros.
Outro documento datado de 21 de agosto de 1828, também de Bremen (Suplemento do Jornal Bremer Wochentliche Nachrichten) que reza o seguinte: Para o Rio de Janeiro está sendo carregado e será expedido para lá no fim do corrente mês o belo navio bremense Olbers, do Capitão J.M. Herklots, que está sendo recomendado para carga pesada adicional". Finalmente sabemos pelo livro do colega H. Oberacker "Jorge Antonio von Schaeffer- Criador da Primeira Corrente Emigratória Alemă para o Brasil (Porto Alegre 1975. p. 88/89) que o veleiro "Olbers" partiu com 874 passageiros, em 26 de setembro de 1828 de Bremen e chegou ao Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1828.
Antigo moinho dos Simon, hoje de outro proprietário. |
Mas encontrei em outra folha do mesmo
Arquivo Histórico de Porto Alegre, a seguinte inscrição posterior: 365 pessoas baldeadas para o iate de Manoel José de Leăo e para a Canhoneira 18 de Outubro para a Colônia de Săo Leopoldo. Albino Ferreira, por ordem do Intendente da Marinha A. Vic. de S. Freia. Porto Alegre, 30 de março de 1829. Em Săo Leopoldo, a família Simon chegou no dia 13 de março de 1829, assim registrada por Hillebrand, primeiro médico e mais tarde, diretor da Colônia Alemã de São Leopoldo. Termino com uma citação de um provérbio alemão: " Tot ist, wer vergessen wird"(Morto é quem é esquecido. Os não esquecidos, portanto, vivem e viverão). Abraços do Carlos Hunsche".
Na próxima edição, analisaremos os primeiros anos de Mathias e família, em São José do Hortêncio.
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