Após o falecimento de Pedro
Emanuel Simon em 1966, por diversas vezes visitei a tia Maria Ferreira da
Silva. Não havia esquecido o trabalho de pesquisa genealógica feita pelo seu esposo, Pedro
Emanuel. Sempre achei que deveria ter uma continuidade e eu como sobrinho deveria
prosseguir com os dados genealógicos. As fichas que havia visto na residência
de Emanuel vinham-me à lembrança, a todo momento. Decidi, então, fazer uma
visita especial à esposa de Pedro Emanuel. Como sempre, fui bem recebido pela
tia Maria, inclusive tomamos um chá, em sua residência. Entre uma conversa e
outra, faltava coragem para fazer o pedido: ter acesso aos dados do fichário
genealógico. Depois de muita conversa sobre as filhas e o filho, em certo momento
criei coragem e disse:
- Tia, olha,
vim aqui para fazer um pedido que certamente o tio Emanuel gostaria. Creio que
todo o esforço, e abnegação dele em pesquisar a árvore genealógica da família
não deverá cair no esquecimento. Por isso, proponho que a senhora meu autorize
a ter acesso ao trabalho. Pretendo levar
o fichário e dar continuidade às pesquisas.
Camilo Simon apresentando o quadro genealógico, pela primeira vez, em 1977. |
Modelo de ficha usada por Pedro Emanuel . Está é de Mathias Simon |
Fui
interrompido pela tia que disse:
- Olha, Camilo,
você não sabe o sacrifício que passamos por causa dessa paixão que o teu tio
tinha pela família. Padecemos muito, inclusive passamos necessidades, pois teu
tio viajava e deixava a família, às vezes, por um mês. Minhas recordações não
são boas para esta época, por isso, não permito que tenhas acesso a este
trabalho. Todas as pesquisas vão ficar por aqui e não sei o que vou fazer de
todos os arquivos de cartas, questionários e fichas.
Foi um banho
de água fria que recebi da tia, que ainda sofria muito com o falecimento do
marido, apesar de ter passado alguns meses. Decidi esperar, e esta espera
pacienciosa levou dez anos, onde se sucederam os sonhos de um dia obter acesso à
pesquisa do tio. Somente no verão de 1976, portanto dez anos depois do
falecimento do tio, que me animei a falar com a tia sobre o mesmo assunto. Em
todas as visitas que fiz, nada se falou. Mas naquele verão, encorajei-me e
novamente fiz o pedido, secamente:
-Então tia,
volto a falar sobre o pedido que fiz há dez anos atrás sobre as fichas
genealógicas...
Novamente
interrompeu-me e disse:
-Olha, Camilo,
vá a cidade de Esteio na casa de meu filho Saul e recolha todos os arquivos e
fichas que estão numa gaveta de um cômodo da sala. Vá imediatamente pois os
arquivos estão atrapalhando a organização da casa e temo pelo futuro do
trabalho.
Que alívio. No
mesmo dia, de posse do endereço, dirigi-me a Esteio na residência do filho,
Saul e ali obtive permissão para recolher tudo o que havia sobre as pesquisas
genealógicas. Lotei o porta-mala do carro, pois as fichas estavam espalhadas
por diversos gavetões. Cheguei em casa, muito feliz por ter em mãos este
tesouro. Levei quase dois anos para ordenar o fichário. Foram madrugadas e
madrugadas pesquisando a linha genealógica de todos os descendentes de Mathias
Simon, com seus dez filhos, netos e bisnetos. Foram milhares de fichas
analisadas e catalogadas, uma a uma e por fim decidi que era necessário fazer
um quadro genealógico para poder entender os milhares de nomes pesquisados, de
acordo com suas raízes ancestrais. Havia achado um tesouro inestimável da
família Simon e que era necessário compartilhá-lo. Ali descobri que eu era
descendente de um imigrante alemão, Mathias Simon que veio ao Brasil em 1829,
junto com sua família, estabelecendo-se no sul do Brasil, precisamente na
localidade de São José do Hortêncio, junto à Capela do Rosário, num lugar denominado
Linha Nova Baixa. Fiquei muito feliz, pois faço parte de uma família cujo
tronco ultrapassa séculos e todos seus descendentes merecem e tem o direito em
saber suas raízes.
Na próxima edição, a fundação da Associação da Família Simon e Afins
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