segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ensino, a preocupação em Cuba



         Ao ler o jornal Granma, do dia cinco de setembro, deparei com uma notícia
dizendo que o Banco Mundial afirmou que Cuba tem o melhor sistema educativo da
América Latina e do Caribe. Fiquei intrigado com o assunto e procurei saber as razões
e conhecer um pouco o tema. É sabido que o forte de Cuba são o ensino e a saúde, mas
como ocorre isso?
Mãe conduzindo filho à escola

        Desde 1959, o governo comunista elegeu como prioridade o ensino, do fundamental até a Universidade. Segundo dados do Ministério de Educação, cerca de 1.800 mil alunos foram matriculados no ano letivo 2014-2015, que começou no dia 1° de setembro. Os universitários somam 100 mil alunos nas 22 universidades existentes. As ciências médicas totalizam 30 % de todos os alunos e as ciências naturais, 26 %. Cerca de 15 %  dos alunos cursam áreas técnicas; 12 % o ensino agrícola; 9,5% as ciências sociais e apenas 7,5% as ciências humanas. As escolas secundárias totalizam 1166, com 378 mil estudantes e o total de professores do curso primário é de 183 mil. Apesar disso, faltam professores saídos das escolas pedagógicas, pois atingem somente 93,1 por cento do total.
Alunos do secundário

         Com resultado desta política, Cuba hoje é um país sem analfabetos, cuja população busca o conhecimento em livros, jornais, revistas, cinema e outros, dentre os meios que estão disponíveis. Os graduados, em diversas áreas, mas especialmente os médicos e engenheiros, são produtos de exportação, no que chamam "Mision", e hoje representam a principal riqueza de Cuba, primeira fonte de divisas do país. Em Cuba, todos os estudantes usam uniformes. Para o primário, a cor predominante é o vermelho e para o secundário é o cáqui e o azul.
          No dia 1° de setembro, presenciei, desde as 7 horas da manhã, um desfile de crianças, muitas com suas mães, que se dirigiam à escola. Foi muito bonito de ver, pois
parecia um dia de festa, tal a importância que é dada ao ensino. As mães estavam enfeitadas, usando seus melhores vestidos para levar os filhos e filhas à escola. Elas pareciam orgulhosas e os jornais deram manchetes para o primeiro dia de aula. Como é costume, a Ministra da Educação e outros dirigentes deram as boas vindas, concitaram os estudantes a atingirem os elevados níveis de ensino do país, e anunciaram algumas mudanças importantes para modernizar o ensino.
Alunos do secundário

          A primeira mudança é que as escolas, com seus membros diretivos, poderão escolher o horário das aulas, bem como de outras atividades. Normalmente, as aulas são em horário integral: começam às 8 horas e terminam pelas 4,30 da tarde, com várias atividades durante o dia, como esportes, biblioteca, pesquisa e ensino de línguas. Para os professores, a mudança prevê um tempo maior para prepararem suas aulas. A maior mudança é que o aluno terá a opção de almoçar em casa. Era uma reivindicação dos pais, pois segundo alguns, atualmente a crise econômica afetou a comida das escolas,que é pouca e com predomínio da soja e do yogurte. É comum alunos passarem mal na escola. Para o Estado, é uma economia os alunos mais velhos almoçarem em casa. Na escola, continuará o comedor no primário e a merenda escolar no secundário.
        Em Cuba, a água não é tratada e todas as famílias filtram ou fervem a água para tomar, para evitar doenças como a cólera. Os alunos devem levar para a escola, a água que vão tomar. De modo geral, as autoridades usam o termo flexibilização para os avanços deste ano, como a escolha de horários e a possibilidade da criança almoçar em casa. Afirmam que “flexibilização não é para baixar o rigor, mas sim visa propor uma dinâmica
diferente no processo docente-educativo, para que seja mais eficiente e desenvolva a
criatividade e a iniciativa e sejam mais bem atendidas as singularidades e diferenças em
salas de aula”.
Biblioteca pública  principal de Santa Clara

          No entanto, há um grande atraso em relação ao uso da internet. Os alunos pesquisam apenas em livros, pois a internet existente é utilizada apenas para o envio e recebimento de mensagens. O medo é abrir a internet para o mundo. Assim estão livres das influências externas. Um atraso abissal. Não há informatização na biblioteca pública de Santa Clara. Ainda usa-se o sistema de fichário manual.
          A valorização da educação é tão grande, que o governo comunista reserva
 10 % do PIB para o setor. Aqui no Brasil, são aplicados apenas 5,8 %, e o país ocupa o vergonhoso, 53°lugar entre 65 países. Pelos resultados obtidos, justifica-se o louvor do Banco Mundial para Cuba, como o país com melhor sistema educativo da América Latina e do Caribe.

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