sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Perseguição religiosa em Cuba ainda não foi resolvida

              Cuba era um país católico até a Revolução.A partir dela, as práticas religiosas foram sendo proibidas até que em 1961 houve a expulsão de 131 religiosos católicos de 14 diferentes nacionalidades, entre eles, 33 padres cubanos. Todos foram colocados no navio Covadonga e expulsos do país rumo à Espanha. As igrejas foram fechadas e todas as escolas e creches, pertencentes a entidades católicas, foram confiscadas, com a expulsão de centenas de religiosas que tiveram que voltar para seus respectivos países.
       Um golpe mortal foi o fechamento de todas as escolas católicas, de maristas, lassalistas e de freiras. Foram em torno de 250 escolas e até hoje nenhuma foi devolvida. É proibido abrir escolas particulares, todas são estatais.Também foram afetadas outras igrejas como a batista, a metodista e a anglicana.
Colégio Lassalista ainda não foi devolvido pelo governo

       A partir daí, Cuba decretou-se estado ateu, o nome de Deus foi abolido e substituído pelo comunismo..Passados 53 anos da Revolução, somente os idosos ainda professam a religião.As novas gerações foram instruídas a pensar que “a religião é o ópio do povo”, e não só a doutrina deixou de ser ensinada, como todos os valores que ela prega e de modo especial, a importância da família para o indivíduo.Nos últimos anos, entre as reformas de abertura do sistema, Fidel Castro mudou a constituição e decretou Cuba como um estado laico, ou seja, com respeito a todas as religiões.

Capela reformada. Era um armazém

       Após a ida de João Paulo II a Cuba, houve uma abertura para com as igrejas, mas veladamente são impostos tantos controles e limitações ao trabalho dos missionários que para lá foram, que se torna muito difícil formar comunidades. Aos poucos, o governo está devolvendo as igrejas confiscadas e permitindo a prática dos cultos, contudo, continua a proibição de procissões fora das igrejas e estas só acontecem com autorização da Secretaria de Assuntos Religiosos, que coordena o trabalho das igrejas. De modo geral, todas as atividades devem ser feitas dentro das igrejas.Em várias cidades, o governo devolveu templos completamente sucateados, pois sabe que, através de doações de católicos do exterior, os prédios serão reformados, recuperando o seu valor histórico Em Santa Clara, uma capela, que tinha virado armazém foi devolvida e a paróquia já a reformou. Em Manzanillo, uma capela dentro de um asilo foi devolvida, mas o asilo que era dirigido por religiosas continua como asilo estatal.A tática do governo é de não brigar com os bispos, mas sim obstruir de todas as formas o desenvolvimento de uma comunidade católica, dificultando a pastoral religiosa. Funciona assim: se o governo quiser se livrar de um padre missionário, não renova seu visto e o padre é obrigado a sair do país; se o missionário precisar comprar um carro para trabalhar, a Secretaria de Assuntos Religiosos escolhe o carro ou, simplesmente proíbe a compra; um sacerdote não pode entrar em uma escola, pois a diretora seria perseguida e demitida se isso acontecesse ( ao religioso só é permitido entrar em hospitais e asilos para confortar os doentes); se surgirem lideranças leigas na comunidade que está se formando, o governo concede facilidades para estas pessoas obterem o visto e sair do país, já que este é o desejo de quase todas as pessoas mais cultas.

Capela em atividade

Também existe a dificuldade de imprimir publicações internas das Igrejas. O método é barrar a compra de papel, com a desculpa de que está em falta no mercado.Para impedir o avanço da Igreja há a proibição de construir novos templos. A solução encontrada foi comprar casas no meio das vilas e transformá-las em lugares de culto. São chamadas “Casas de Misión”.

Casa transformada em capela

Outra alternativa muito comum, é a celebração de cultos em casas de família, nas quais o proprietário reforma sua casa para abrigar um certo número de pessoas. Assim, é muito difícil para um leigo, católico ou não, praticar uma religião. O fato é que passados mais de 50 anos, o regime comunista conseguiu destruir as bases das religiões no país. Hoje, os que se aproximam das igrejas ainda tem medo de assumir certos compromissos, pois temem a represália do governo. Até bem pouco tempo, o jovem que se inscrevia para emprego, era barrado se dissesse que era católico. Aos poucos esta proibição está terminando.
Por isso, a tal liberdade religiosa, tão propalada em Cuba, é uma falácia que não resiste aos fatos do dia a dia. Está muito difícil a vida dos cristãos, pois não há liberdade de expressão. Os meios de comunicação ignoram completamente os eventos religiosos.

Casa de família aberta para cultos

Todo o proselitismo religioso é feito no contato pessoal, na amizade, e na solidariedade aos mais pobres e necessitados, pois miseráveis existem sim, em Cuba.

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