quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mercado negro está solapando economia socialista cubana

                    O mercado negro, economia subterrânea ou “por la isquierda”, como chamam, irônicamente, os cubanos, está se transformando num dos maiores inimigos do socialismo. Por toda parte, a qualquer hora, existe um comércio informal que está solapando as bases econômicas de Cuba. São produtos contrabandeados de muitos países, e comercializados entre as pessoas, constituindo-se em um dos flagelos para a frágil economia daquele país. Por pesos em divisas (CUC) consegue-se qualquer produto cubano ou importado, em questão de horas. Pessoalmente fui testemunha de alguns negócios feitos à revelia da lei. Esta situação preocupa analistas do próprio governo.
Em qualquer lugar negocia-se no mercado negro

                   Vou transcrever parte de um artigo de um colunista do jornal Juventud Rebelde, do dia 31 de agosto de 2014, página 3. O colunista José Alejandro Rodríquez, escreveu sobre o assunto, sob o título: “Subterránea y peligrosa”. Diz ele: “Bolsa negra que incha. Mercado negro que se expande. Economia subterrânea que já não se esconde muito e perpassa os condutos da economia cubana. “Por la isquierda” como diz o povo da rua para qualificar o que se vende, de origem duvidosa, e se compra como um pão quente. Cada ano que passa, o chamado mercado negro se transforma e se rearticula com mais complexidade. Todo mundo sabe que existe esta distorção econômica, e percebe-se que ganha força, apesar de poucos falarem nela e muito menos ela é objeto de análise. Será que já nos resignamos a coexistir com este flagelo? O auge do mercado negro está dilacerando com os bons propósitos de atualização econômica. Com seus desvios e latrocínios, com seus circuitos paralelos e deformantes, estão se abrindo verdadeiras sangrias, em relação ao crescimento e desenvolvimento da nossa economia e postergando o bem-estar dos cubanos.
Caminhão de passageiros levando mercadoria

                   Não posso esquecer que boa parte das medidas do processo de atualização econômica, com sua flexibilização de espaços econômicos antes proscritos e eliminação de velhas proibições mercantis, podem constituir antídoto eficaz contra o mercado Sem dúvida, o inacabado modelo de transformações e os desequilíbrios e assimetrias que gera, poderão estar estimulando, por distintos caminhos, a economia 
subterrânea: a dualidade monetária e cambial, a insuficiência de oferta ante a demanda, no mercado cubano, a ausência de um mercado atacadista para o setor não estatal, os elevados preços tanto os oficiais como os da oferta e demanda; o flagelo dilacerante do descontrole, o desvio, o roubo de recursos estatais e o escasso poder mobilizante e estimulante do salário no setor estatal, entre outros condicionantes. Assim sendo, profano em matéria econômica, qualquer cubano poderá concluir só como resultado de sua observação cotidiana que o fomento do mercado negro e todas as suas corruptelas, pode converter-se em um dos inimigos mais fortes do socialismo em nossa sociedade, estrategicamente falando.
Uma rua comercial restaurada em Santiago

                   Só desenvolvendo as forças produtivas e erradicando muitos obstáculos, de maneira que nossa economia cresça sã e a ritmos maiores, poderemos neutralizar o perigoso flagelo da economia submergida que é um fenômeno generalizado no mundo. Porém Cuba é Cuba e não podemos confiar no automatismo de certas pragas econômicas, porque nos podem varrer. E quem sabe, algum dia, possamos abrir a brecha definitiva para a prosperidade sustentável, e possamos desatanizar a expressão de “por la isquierda”, de maneira que signifique mais e melhor socialismo".
                 Este depoimento revela o grau de fragilidade da economia socialista de Cuba, que se vê acuada por idéias capitalistas entrando sorrateiramente, através das necessidades do povo, em negócios informais. Aos poucos, Cuba está seguindo a cartilha da China que tem uma economia capitalista e um regime comunista.

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