A visita feita à cidade histórica de Acre,
ao norte de Israel, nos causou muita surpresa. A impressão que se tem é de uma
volta ao passado que começa com as ruínas do tempo dos cruzados, há mil anos
atrás, e termina com uma cidade dos séculos XVIII e XIX, totalmente conservada.
Localiza-se em um porto antigo no Mar Mediterrâneo em frente à cidade
industrial de Haifa. São ruelas estreitas, mesquitas lindíssimas, altos
minaretes, túneis secretos de mais de 200 metros , por onde
passavam cavalos, grandes salas de palácios antigos, banhos turcos, fortalezas
com paredes de 3 metros
de espessura. Durante séculos, Acre foi o mais importante porto do Oriente
Médio.
O antigo porto com a fortaleza |
A
cidade israelita de Acre passou por várias mudanças de nome durante os três mil
anos de sua existência. Na antiguidade a cidade foi chamada de Ace, Ptolemais e
Accho. Na bíblia, a cidade é referida como
Accho no Antigo Testamento e como Ptolemais no Novo Testamento. Mas foi na
Idade Média que a cidade esteve no centro de grandes eventos da humanidade e já com o nome de Acre.
Hoje, a cidade moderna chama-se Akko.
Ruas estreitas de mais de 200 anos |
Para
termos uma idéia de sua importância histórica, a cidade foi conquistada por
Alexandre Magno em 313 aC .
Nela estiveram Caio Júlio Cesar, Imperador Romano; o médico, filósofo e sábio
judeu Maimônides; São Paulo fez uma parada aqui junto com o apóstolo e
evangelista Lucas, depois de voltar de sua terceira viagem apostólica (At
21.7); em 1220, São Francisco visitou Acre, após passar pelo Egito; Saladino, o
muçulmano, conquistou a cidade em 1187. O cruzado Ricardo Coração de Leão a
reconquistou em 1291, por pouco tempo. Durante toda a Idade Média, diversos
povos dominaram a região, além dos cruzados que ali ficaram por séculos. Em
1737 foi construída a Igreja São João do Acre. Mais tarde, em 1799, Napoleão
Bonaparte tentou invadir a cidade, mas foi repelido pelos moradores. Na
primeira guerra mundial, Acre estava sob o domínio do Protetorado Inglês e um
de seus palácios serviu de prisão para judeus revoltosos. Em 1948, após a
independência de Israel, o exército tomou conta da cidade e inúmeros árabes
fugiram da cidade.
Mesquita de 1737 |
A
atual cidade tem em torno de 50 mil habitantes.
A população, em grande parte, é árabe sendo que os israelenses estão
investindo muito na construção de novos apartamentos para serem habitados por
judeus que constantemente se transferem de outras partes do mundo para Israel.
Tanto os palestinos como os Jihads, considerados terroristas, reivindicam a
cidade para si.
Túnel dos cruzados de mais de 1000 anos |
Já
a cidade antiga é quase totalmente habitada por árabes que ocuparam as casas
antigas, de mais de 200 anos. Existem inúmeros prédios que estão vazios sendo
que alguns fazem parte do tour turístico. Uma das atrações é uma mesquita
adornada artisticamente, datada de 1737, e a outra, a mais famosa, são os chamados banhos turcos, que foram
construídos em 1797 e funcionaram até o ano de 1951. As construções dos banhos
turcos resistiram ao tempo e na visita ao local pode-se ver uma fonte de água,
os instrumentos que eram usados na época e o vestuário nas esculturas de
figuras humanas, em tamanho natural, recebendo os serviços de massagem e de
banhos quentes. A administração do local sempre foi feita pela mesma família.
Um filme conta toda a história do local por várias gerações e do sucesso dos
banhos para visitantes. Há também um edifício do século XVIII, de grandes
dimensões que era usado como um hotel para os visitantes. No primeiro piso
ficavam as cavalariças usadas tanto para cavalos como para camelos e o depósito
de mantimentos e produtos em trânsito. No segundo piso, ficavam os quartos. O
edifício hoje está fechado e necessita de reformas. Toda a cidade antiga
precisa de reformas. Nas ruelas há todo tipo de comércio popular, lojas de artesanato,
pequenos restaurantes e bares, que oferecem comida árabe, mas também sanduíches
e o tradicional suco de romã. Incrivelmente, há produtos “made in China”,
rosários e lembranças feitas de plástico.
Palácios com colunas imponentes |
Embaixo
desta cidade, foi descoberta outra, do tempo dos cruzados (1109 a 1291), sendo que a
maior atração a visitar é um túnel de mais de 200 metros , com mais de
três metros de largura e quase três de altura. Era um local secreto para a fuga
até o cais do porto, no caso de serem atacados. Os cruzados construíram uma
gigantesca fortaleza, que foi tomada e reforçada pelos muçulmanos, depois de
quase 200 anos de dominação dos cristãos.
Pousada de mais de 200 anos atrás |
Sala dos banhos turcos |
Pela
sua grandiosidade e pela sua história, a ONU declarou Acre, a cidade antiga,
como Patrimônio Histórico da Humanidade.
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