quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Jerusalém, com sua história milenar, é a cidade dos mil contrastes


É muito confuso escrever sobre a cidade de Jerusalém porque sua história é tão rica que dificilmente abarcaríamos sua totalidade. Foi fundada pelo rei David há três mil anos e desde então foi palco de inúmeras guerras. Segundo os especialistas, Jerusalém foi sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes, recapturada 44 vezes e destruída duas vezes. A última vez foi no ano 70 dC, pelos romanos que arrasaram a cidade, destruindo e queimando tudo.
Uma das ruas estreitas de Jerusalém velha

Como eu poderia descrever tão rica história em poucas linhas? Impossível! Por isso, relato apenas impressões deste peregrino que visitou a cidade por cinco vezes.
Jerusalém, é dividida em duas. A antiga dentro dos muros construídos em 1538 pelo sultão otomano Solimão e a nova, situada ao redor da cidade velha, que se mostra pujante, moderna, com largas avenidas, metrô de superfície, túneis, viadutos, praças, museus e imensos edifícios que abrigam em torno de 800 mil habitantes. Não foi fácil construir a cidade nova, pois Jerusalém fica situada nas montanhas, a cerca de 800 metros acima do nível do mar. As montanhas ao redor foram dominadas pela mão do homem que construiu suas casas e apartamentos para os novos moradores, que vieram de todas as partes do mundo, a partir de sua fundação de Israel em 1948. Oficialmente, Jerusalém é considerada a capital do país, mas não para a ONU. As embaixadas estão em Tel Aviv que é a capital financeira. Em Jerusalém está o Parlamento, o Knesset e ali residem os ministros e todo o governo.
Igreja Santo Sepulcro, a maior

O coração da cidade é a velha Jerusalém, palco de tantas histórias, de derrotas e vitórias. Ali estão as bases das religiões cristã, judaica e muçulmana. As três religiões reivindicam para si a primazia do local. De 1948 até 1983, a cidade estava dividida em oriental e ocidental. Em 1983, Israel, que dominava a parte ocidental se apoderou da Jerusalém Oriental que pertencia à Jordânia. Desde então, a cidade foi dividida em quatro partes: dos judeus, dos muçulmanos, dos cristãos e dos armênios. O quarteirão dos judeus abriga o famoso Muro das Lamentações e as escavações do lado sul, dos tempos do Rei David. Possui também o túmulo do Rei David e uma quantidade muito grande, em torno de 40 túneis da cidade antiga. Um deles tem mais de 600 metros de comprimento e levava água de fora dos muros para a piscina de Siloé, local de curas feitas por Jesus. Os cristãos têm em sua área cerca 40 conventos e igrejas, destacando-se o Santo Sepulcro, cenário da paixão, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus; a Via Dolorosa, com  suas 14 estações, passando pelas ruas estreitas que abrigam hoje muitas lojas; o Cenáculo da Última Ceia, entre outras igrejas como a da Flagelação. No quarteirão dos muçulmanos distingue-se a Domo da Rocha e a Mesquita de Al Aqsa. Tem também o bairro armênio que abriga várias igrejas.
A reza no Muro das Lamentações

 Andando pela cidade velha quase não se distingue os bairros e nas ruas estreitas, por onde não passam carros, existem milhares de lojinhas, que oferecem produtos aos peregrinos, tanto cristãos como judeus e muçulmanos. Ali se encontra toda sorte de presentes confeccionados em madeira de oliveiras e produtos “made in China”, como em qualquer outro lugar do mundo. A pechincha existe em todas as lojas. Vendem também roupas e comidas típicas árabes como a shawarma e o falafel, à base de carne e verduras, com aquele pão árabe redondo, que chamam de pitas. É o “fast food” dos árabes. No bairro muçulmano, vendedores oferecem verduras frescas na rua.
A Via Dolorosa tem 14 estações

A principal atração para os turistas é o Muro das Lamentações, onde qualquer pessoa pode rezar, tocar o muro de 70 metros de largura e deixar um bilhetinho com pedido a Deus. Para rezar, os homens ficam separados das mulheres por uma cerca. Fiquei ali por alguns minutos, invocando ao Deus dos judeus e dos cristãos, uma solução para os conflitos nesta Terra Santa, onde não existe paz duradoura.
Em primeiro plano, cemitério dos judeus. Ao fundo, a cidade velha

Para os cristãos, uma grande atração é o Santo Sepulcro, que recebe, diariamente, milhares de peregrinos. O edifício é compartilhado pela igreja católica, pelos gregos ortodoxos e pelos armênios ortodoxos, gerando muita confusão. A chave da Basílica está confiada a uma família muçulmana que abre e fecha a igreja todos os dias. A impressão que se tem, entrando na igreja, é de grande balbúrdia, pois os peregrinos formam imensas filas para visitar o local do sepultamento e o empurra-empurra dificulta a concentração.
Um pé de oliveira de mais de 1000 anos

Fora dos muros, a seis kms, situa-se a cidade de Belém, local do nascimento de Jesus e o Monte das Oliveiras, onde Jesus foi preso. Ali, a principal Basílica é  a da Agonia de Cristo. O frei franciscano Darcísio Hobaert, gaúcho de Crissiumal, trabalha ali e se considera guardião das oliveiras. Ele revelou-me que, diariamente, visitam a Basílica mais de 10 mil pessoas. Ali estão as famosas árvores do Jardim das Oliveiras com mais de 1000 anos de existência.
O grande problema para a Igreja Católica é a ausência de cristãos residindo na Terra Santa, principalmente em Jerusalém, onde predominam os judeus e os muçulmanos. O mesmo ocorre em Nazaré e Belém, onde predominam os árabes muçulmanos.
Igreja da Agonia, no Monte das Oliveiras


Jerusalém segue sendo uma cidade indivisível, que sempre será dos judeus, como eles afirmam. Por ela, este povo dará a vida, se for necessário. Disso, não tenho dúvidas.








Nenhum comentário:

Postar um comentário