Para sentir na carne, as imensas dificuldades que Jesus
passou em sua vida pública itinerante, é preciso fazer a pé, o chamado “Caminho
de Jesus” em Israel. É uma trilha que sai de Nazaré até Magdala no Lago
Genezaré. São 52 km
percorridos em três dias, passando por montanhas e vales, por bosques e
parques, sentindo nos pés, a dureza das pedras brancas que enfeitam todo o
caminho. É uma experiência única para melhor entender quem foi Jesus, como era
seu ambiente na infância, adolescência e vida adulta e porque escolheu vir ao
mundo em uma terra inóspita, cheia de dificuldades naturais, quase
intransponíveis.
Uma burra nos ajudou a levar as mochilas |
Nosso grupo de 15 pessoas, a maioria jovens vindos do
México, El Salvador, Brasil, Espanha e Itália, França e Israel acompanhados pelo idealizador do
“Caminho de Jesus”, Pe. Arturo Diaz LC, partiu de Nazaré, depois de orar na
Basílica da Anunciação, rumo a Magdala. Desde logo, sentimos uma emoção diferente, pois estávamos caminhando
por lugares onde Jesus passou seus trinta primeiros anos de vida. Imaginávamos
seus brinquedos favoritos, vendo crianças árabes brincando pelas estreitas ruas
de Nazaré, montanha acima. A primeira dificuldade foi superarmos em torno de
500 degraus de vielas até o alto da montanha, onde situa-se o Colégio
Salesiano Jesus Adolescente. Carregados de mochilas, os peregrinos puderam perceber o quanto era difícil para Jesus percorrer
tais caminhos, que na época, eram somente na montanha vazia e íngreme. Ali nos
esperava uma burra, chamada Heidi, que nos
acompanhou todo o tempo, carregando as mochilas mais pesadas.
Pausa para uma foto |
Distante 6
km de Nazaré, passamos por Séforis que na época de
Jesus era a capital da Galileia. Presume-se que nesta cidade, São José e Jesus
trabalhavam como carpinteiros, já que Nazaré era apenas uma aldeia com cerca de
150 habitantes. Diariamente Jesus percorria 12 km para o trabalho,
subindo e descendo montanhas pedregosas. De Séforis passamos por Caná, onde
Jesus realizou o primeiro milagre. Ali foi rezada uma missa e meditamos sobre o
milagre da transformação de água em vinho. Sempre andando por caminhos de terra
e pedra, através de bosques e plantações de oliveiras, atravessamos o Vale de
Esdrelon com paisagens deslumbrantes, vendo o Monte Tabor, a cidade de Naim, o vale de
Turan até chegarmos ao Kibutz Lavi, um dos mais prósperos da região, inclusive
com um hotel moderníssimo. Ali pernoitamos e vimos como os judeus ortodoxos
professam sua fé, pois era o Dia de Shabat, dia de sábado. Foi uma experiência
religiosa única com pessoas da religião predominante aqui em Israel. Passamos
ao lado dos chamados Cornos de Hatim, onde o persa muçulmano Saladino derrotou
os cristãos em 1187, matando cerca de 22 mil cruzados.
A imensidão da estrada |
A
partir deste ponto começamos o trajeto mais difícil. O caminho é totalmente
pedregoso e árido, com pouca vegetação, descendo para o Vale do Jordão através
de desfiladeiros de montanhas escarpadas, onde correm córregos d’água, que
nesta época do ano, estão quase secos. Nesta região, não chove sete meses por
ano e por isso é possível realizar o caminho
entre montanhas e vales. A seca inicia em março e vai até novembro. A
trilha dos peregrinos desce pelos
penhascos do Monte Arbel até chegar a Magdala, a terra natal de Maria Madalena
e pode terminar em Cafarnaum. Diz o evangelho que Jesus, passados trinta anos,
ao iniciar a vida pública, "deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, às
margens do Mar da Galileia" (Mt 4.13). Jesus levou consigo sua mãe, pois o
pai adotivo, São José já havia morrido.
Ao final do trajeto,que foi Magdala, o peregrino pode fazer
um tour pelas descobertas arqueológicas da cidade que foi destruída pelos
romanos invasores em 67 dC. Ali a principal descoberta foi uma sinagoga do
primeiro século, mas pode-se observar também o mercado público, o local onde
salgava-se o pescado para exportação, as casas de ricos e de pobres, os famosos
mikbats, os seja locais de banhos de purificação, onde ainda hoje brota água
natural, e inclusive o cais do porto. No local, às margens do Lago Genezaré,
está sendo concluida a construção de uma lindíssima igreja chamada de Santuário
da Vida Pública de Jesus.
A cidade de Nazaré hoje |
Quem desejar vivenciar esta experiência maravilhosa e
emocionante, pode entrar em contato com o Pe. Arturo Diaz pelo e-mail: adiaz@legionaries.org Neste caminho tantas vezes trilhado por
Jesus, o peregrino compreenderá melhor toda a mensagem evangélica e o chamado
do Mestre que diz: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8.34-35). O seguimento a Jesus supõe sacrifício,
renúncia, coragem, doação e oração. (jornalista Camilo Simon)
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