sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O longo e pedregoso Caminho de Jesus

  
 
O caminho em meio a montanhas
Para sentir na carne, as imensas dificuldades que Jesus passou em sua vida pública itinerante, é preciso fazer a pé, o chamado “Caminho de Jesus” em Israel. É uma trilha que sai de Nazaré até Magdala no Lago Genezaré. São 52 km percorridos em três dias, passando por montanhas e vales, por bosques e parques, sentindo nos pés, a dureza das pedras brancas que enfeitam todo o caminho. É uma experiência única para melhor entender quem foi Jesus, como era seu ambiente na infância, adolescência e vida adulta e porque escolheu vir ao mundo em uma terra inóspita, cheia de dificuldades naturais, quase intransponíveis.

Uma burra nos ajudou a levar as mochilas

Nosso grupo de 15 pessoas, a maioria jovens vindos do México, El Salvador, Brasil, Espanha e Itália, França e Israel acompanhados pelo idealizador do “Caminho de Jesus”, Pe. Arturo Diaz LC, partiu de Nazaré, depois de orar na Basílica da Anunciação, rumo a Magdala. Desde logo, sentimos uma  emoção diferente, pois estávamos caminhando por lugares onde Jesus passou seus trinta primeiros anos de vida. Imaginávamos seus brinquedos favoritos, vendo crianças árabes brincando pelas estreitas ruas de Nazaré, montanha acima. A primeira dificuldade foi superarmos em torno de 500 degraus de vielas até o alto da montanha, onde situa-se o Colégio Salesiano Jesus Adolescente. Carregados de mochilas, os peregrinos puderam perceber  o quanto era difícil para Jesus percorrer tais caminhos, que na época, eram somente na montanha vazia e íngreme. Ali nos esperava  uma burra, chamada Heidi, que nos acompanhou todo o tempo, carregando as mochilas mais pesadas.

Pausa para uma foto

Distante 6 km de Nazaré, passamos por Séforis que na época de Jesus era a capital da Galileia. Presume-se que nesta cidade, São José e Jesus trabalhavam como carpinteiros, já que Nazaré era apenas uma aldeia com cerca de 150 habitantes. Diariamente Jesus percorria 12 km para o trabalho, subindo e descendo montanhas pedregosas. De Séforis passamos por Caná, onde Jesus realizou o primeiro milagre. Ali foi rezada uma missa e meditamos sobre o milagre da transformação de água em vinho. Sempre andando por caminhos de terra e pedra, através de bosques e plantações de oliveiras, atravessamos o Vale de Esdrelon com paisagens deslumbrantes, vendo o Monte Tabor,  a cidade de Naim, o vale de Turan até chegarmos ao Kibutz Lavi, um dos mais prósperos da região, inclusive com um hotel moderníssimo. Ali pernoitamos e vimos como os judeus ortodoxos professam sua fé, pois era o Dia de Shabat, dia de sábado. Foi uma experiência religiosa única com pessoas da religião predominante aqui em Israel. Passamos ao lado dos chamados Cornos de Hatim, onde o persa muçulmano Saladino derrotou os cristãos em 1187, matando cerca de 22 mil cruzados.

A imensidão da estrada

            A partir deste ponto começamos o trajeto mais difícil. O caminho é totalmente pedregoso e árido, com pouca vegetação, descendo para o Vale do Jordão através de desfiladeiros de montanhas escarpadas, onde correm córregos d’água, que nesta época do ano, estão quase secos. Nesta região, não chove sete meses por ano e por isso é possível realizar o caminho  entre montanhas e vales. A seca inicia em março e vai até novembro. A trilha dos peregrinos desce  pelos penhascos do Monte Arbel até chegar a Magdala, a terra natal de Maria Madalena e pode terminar em Cafarnaum. Diz o evangelho que Jesus, passados trinta anos, ao iniciar a vida pública, "deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, às margens do Mar da Galileia" (Mt 4.13). Jesus levou consigo sua mãe, pois o pai adotivo, São José já havia morrido.
Ao final do trajeto,que foi Magdala, o peregrino pode fazer um tour pelas descobertas arqueológicas da cidade que foi destruída pelos romanos invasores em 67 dC. Ali a principal descoberta foi uma sinagoga do primeiro século, mas pode-se observar também o mercado público, o local onde salgava-se o pescado para exportação, as casas de ricos e de pobres, os famosos mikbats, os seja locais de banhos de purificação, onde ainda hoje brota água natural, e inclusive o cais do porto. No local, às margens do Lago Genezaré, está sendo concluida a construção de uma lindíssima igreja chamada de Santuário da Vida Pública de Jesus.
A cidade de Nazaré hoje

Quem desejar vivenciar esta experiência maravilhosa e emocionante, pode entrar em contato com o Pe. Arturo Diaz pelo e-mail: adiaz@legionaries.org  Neste caminho tantas vezes trilhado por Jesus, o peregrino compreenderá melhor toda a mensagem evangélica e o chamado do Mestre que diz: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8.34-35). O seguimento a Jesus supõe sacrifício, renúncia, coragem, doação e oração. (jornalista Camilo Simon)

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