quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Acre - onde o tempo parou


A visita feita à cidade histórica de Acre, ao norte de Israel, nos causou muita surpresa. A impressão que se tem é de uma volta ao passado que começa com as ruínas do tempo dos cruzados, há mil anos atrás, e termina com uma cidade dos séculos XVIII e XIX, totalmente conservada. Localiza-se em um porto antigo no Mar Mediterrâneo em frente à cidade industrial de Haifa. São ruelas estreitas, mesquitas lindíssimas, altos minaretes, túneis secretos de mais de 200 metros, por onde passavam cavalos, grandes salas de palácios antigos, banhos turcos, fortalezas com paredes de 3 metros de espessura. Durante séculos, Acre foi o mais importante porto do Oriente Médio.

O antigo porto com a fortaleza

A cidade israelita de Acre passou por várias mudanças de nome durante os três mil anos de sua existência. Na antiguidade a cidade foi chamada de Ace,  Ptolemais e  Accho. Na bíblia, a cidade é referida como Accho no Antigo Testamento e como Ptolemais no Novo Testamento. Mas foi na Idade Média que a cidade esteve no centro de grandes eventos da humanidade e já com o nome de Acre. Hoje, a cidade moderna chama-se Akko.
Ruas estreitas de mais de 200 anos

Para termos uma idéia de sua importância histórica, a cidade foi conquistada por Alexandre Magno em 313 aC. Nela estiveram Caio Júlio Cesar, Imperador Romano; o médico, filósofo e sábio judeu Maimônides; São Paulo fez uma parada aqui junto com o apóstolo e evangelista Lucas, depois de voltar de sua terceira viagem apostólica (At 21.7); em 1220, São Francisco visitou Acre, após passar pelo Egito; Saladino, o muçulmano, conquistou a cidade em 1187. O cruzado Ricardo Coração de Leão a reconquistou em 1291, por pouco tempo. Durante toda a Idade Média, diversos povos dominaram a região, além dos cruzados que ali ficaram por séculos. Em 1737 foi construída a Igreja São João do Acre. Mais tarde, em 1799, Napoleão Bonaparte tentou invadir a cidade, mas foi repelido pelos moradores. Na primeira guerra mundial, Acre estava sob o domínio do Protetorado Inglês e um de seus palácios serviu de prisão para judeus revoltosos. Em 1948, após a independência de Israel, o exército tomou conta da cidade e inúmeros árabes fugiram da cidade.

Mesquita de 1737

A atual cidade tem em torno de 50 mil habitantes.  A população, em grande parte, é árabe sendo que os israelenses estão investindo muito na construção de novos apartamentos para serem habitados por judeus que constantemente se transferem de outras partes do mundo para Israel. Tanto os palestinos como os Jihads, considerados terroristas, reivindicam a cidade para si.
Túnel dos cruzados de mais de 1000 anos

Já a cidade antiga é quase totalmente habitada por árabes que ocuparam as casas antigas, de mais de 200 anos. Existem inúmeros prédios que estão vazios sendo que alguns fazem parte do tour turístico. Uma das atrações é uma mesquita adornada artisticamente, datada de 1737, e a outra, a mais famosa,  são os chamados banhos turcos, que foram construídos em 1797 e funcionaram até o ano de 1951. As construções dos banhos turcos resistiram ao tempo e na visita ao local pode-se ver uma fonte de água, os instrumentos que eram usados na época e o vestuário nas esculturas de figuras humanas, em tamanho natural, recebendo os serviços de massagem e de banhos quentes. A administração do local sempre foi feita pela mesma família. Um filme conta toda a história do local por várias gerações e do sucesso dos banhos para visitantes. Há também um edifício do século XVIII, de grandes dimensões que era usado como um hotel para os visitantes. No primeiro piso ficavam as cavalariças usadas tanto para cavalos como para camelos e o depósito de mantimentos e produtos em trânsito. No segundo piso, ficavam os quartos. O edifício hoje está fechado e necessita de reformas. Toda a cidade antiga precisa de reformas. Nas ruelas há todo tipo de comércio popular, lojas de artesanato, pequenos restaurantes e bares, que oferecem comida árabe, mas também sanduíches e o tradicional suco de romã. Incrivelmente, há produtos “made in China”, rosários e lembranças feitas de plástico.

Palácios com colunas imponentes

Embaixo desta cidade, foi descoberta outra, do tempo dos cruzados (1109 a 1291), sendo que a maior atração a visitar é um túnel de mais de 200 metros, com mais de três metros de largura e quase três de altura. Era um local secreto para a fuga até o cais do porto, no caso de serem atacados. Os cruzados construíram uma gigantesca fortaleza, que foi tomada e reforçada pelos muçulmanos, depois de quase 200 anos de dominação dos cristãos.
Pousada de mais de 200 anos atrás

Sala dos banhos turcos

Pela sua grandiosidade e pela sua história, a ONU declarou Acre, a cidade antiga, como Patrimônio Histórico da Humanidade.









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